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Abundância de recursos naturais: maldição africana?

27 de julho de 2016

Texto: Alabê / Edição de Imagem: Vinicius Martins

O continente africano, abundante em recursos naturais, hodiernamente tem se apresentado como a última e mais potencial fronteira de recursos minerais do planeta. Nesse pequeno ensaio será uma abordagem de três tipos: as perspectivas da exploração desses recursos; os principais atores envolvido; as implicações econômicas e políticas.

A exploração dos recursos africanos faz parte de um processo desencadeado após as invasões estrangeiras ao continente desde os fins do século XV e início do século XVI. Atualmente, a renovação das invasões, por meio daquilo que Kwame Nkruma e Thomas Sankara haviam denunciado sob o nome de Neocolonialismo, demonstram a corrida por recursos africanos devido à crescente demanda internacional por matérias-primas.

Os principais atores econômicos nesse cenário são os antigos exploradores (Europa e países centrais) e países em desenvolvimento, que aproveitaram-se do apaziguamento de conflitos em alguns países, tendo como consequência a diminuição dos riscos econômicos para que multinacionais possam atuar em algumas nações africanas.

Alguns países do continente, devido aos seus recursos na área energética e também mineral, acabaram se tornando alvos dos países centrais e emergentes. No caso dos países emergentes, quem mais está em voga na exploração dos recursos africanos é a China e a Índia, principalmente por causa do crescimento de suas indústrias. Essas nações necessitam do aumento dos recursos naturais como carvão (abundante na China), petróleo (raro na China e na índia) e minério de ferro (para as indústrias de base).

A Europa, velha exploradora, se mantém historicamente hegemônica na exploração de ouro e prata, enquanto os países da periferia do sistema internacional, como China, Índia e Brasil, também ávidos por recursos, querem a sua parte do bolo. E assim o fazem, através das empresas transnacionais.

Olhando para o mapa da África, no que tange à sua divisão regional, essa exploração está dividida de uma forma razoavelmente equilibrada entre a África Ocidental, África Austral e Leste Africano, respectivamente em países como Libéria, Costa do Marfim, Nigéria, Angola, Botsuana, África do Sul, Moçambique e Sudão. Lembrando que o continente africano em geral é explorado, mas esses países citados acima são os que mais ilustram a avidez da demanda internacional por recursos.

A Nigéria é o país que tem a maior reserva de petróleo do continente, localizado especificamente no delta do Rio Níger, palco de conflitos, inclusive com tendências étnico-separatistas como a Guerra do Biafra. O Petróleo nigeriano é explorado pelasSete Irmãs – as gigantes do petróleo mundial – acumulando e concentrando a riqueza entre a elite de Abuja (capital nigeriana) e os acionistas das transnacionais petrolíferas.

Angola, localizada na África Austral, também é um país rico em petróleo. Lá foi possível aumentar a prospecção por causa do fim da guerra civil que se desenvolveu desde a Independência de Portugal até os anos 2000. Entre os países emergentes o Brasil é um ator importante por sua companhia transnacional chamada de Petrobrás, que tem buscada cada vez mais explorar o Pré-sal angolano. Devido a esse movimento, Luanda, a capital angolana, se tornou a mais cara para se viver no mundo. No entanto, as rendas auferidas pelos altos funcionários e estrangeiros na localidade são revertidas para o exterior, devido ao alto grau de importação de produtos estrangeiros, deixando muitas vezes a balança comercial angolana deficitária.

O Sudão, o qual muita gente apenas ouve falar sobre a pobreza e a miséria, é também um dos maiores produtores de petróleo da África. Porém, mais uma vez, empresas estatais estrangeiras – chamadas de transnacionais – são as principais responsáveis pela exploração desse combustível fóssil não-renovável que injeta gases de efeito estufa na atmosfera terrestre. Apesar do quadro negativo, a China, através de sua transnacional, SINOPEC, explora o petróleo e divide as rendas auferidas coma as elites árabes ao norte do Sudão, despreocupadas em distribuição de rendas ou mesmo formação ou emprego da população, uma vez que a China usa muitas vezes mão-de-obra, tecnologia e materiais chineses para explorar a região.

Afora os combustíveis fósseis, a mineração é muito apreciada pelas transnacionais que tem em Moçambique, após o fim da guerra civil, a pacificação necessária pala a exploração de metais ferrosos como bauxita e o alumínio.

No caso do Alumínio existe alguns desencadeamentos ou externalidades importantes, devido à necessidade de energia elétrica para a produção do referido metal, sendo construídas Hidrelétricas que também acabam beneficiando a população por poder proporcionar o funcionamento de outras atividades econômicas, além do Porto da cidade de Beira se tornar mais dinâmico por causa do escoamento de alumínio para a exportação. Lembrando que a Vale – empresa de mineração privada brasileira é um importante agente nesse processo.

No âmbito dos minerais preciosos, como ouro e diamante, a Libéria e a Costa do Marfim utilizam técnicas de exploração que não precisam de muito tecnologia, violando os direitos humanos na região. No entanto, no caso da África do Sul e Botsuana, localizados na África Austral, a empresa belga De Beers utiliza técnicas modernas e de alta tecnologia para a extração de gemas em locais profundos, sendo portanto explorado por empresas de grande porte. Portanto, infere-se que todas essas explorações não industrializam e impedem o desenvolvimento africano, sendo a abundância de recursos naturais uma verdadeira maldição para a África.

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