O poeta e rapper Henrique Silva, de 17 anos, conhecido como Shockadelic, foi agredido por um motorista de aplicativo por volta das 22h30 da sexta-feira (20) no Jardim Luso, bairro da Zona Sul de São Paulo.
O jovem estava na casa da namorada quando a sogra pediu uma corrida pelo aplicativo Uber para que o adolescente voltasse para casa em segurança, no Sítio Joaninha, na região de Diadema, cidade da Grande São Paulo.
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Assim que o jovem entrou no veículo, o motorista identificado como Felipe perguntou qual seria o destino do passageiro. Ao responder Eldorado, o motorista questionou: “Você vai lá para o fundão do Eldorado?”. Ao afirmar que sim, Felipe se recusou a continuar a viagem. Ao descer do carro, Henrique escutou os dizeres: “Então sai crioulo”.
Já fora do carro, o jovem voltou para a casa da namorada e o motorista voltou a ofendê-lo, o chamando de “folgado”. Ao questionar mais uma vez as razões da recusa da viagem, Henrique ouviu: “Olha só para você, andando a pé enquanto estou de carro do ano”. Em sequência, o jovem foi alvo de mais ofensas discriminatórias.
Apesar de pedir diversas vezes para que saísse dali, Felipe continuou dirigindo lentamente e provocando o adolescente, momento em que o joven perguntou novamente ao motorista porquê ele não o levaria para a residência. Aí o motorista parou o veículo, desceu e começou a agredir Henrique, desferindo chutes.
“Eu tentei me defender, mas ele usou os braços para me enforcar. As pessoas que estavam na rua viram o momento que ele partiu para cima de mim, me agredindo e me humilhando”, diz Henrique, em entrevista à Alma Preta Jornalismo.
A sogra de Henrique separou a briga e logo depois o motorista voltou para o carro e foi embora. O rapper acredita que os xingamentos e agressões do motorista foram motivados por discriminação. “Vimos no perfil dele no aplicativo e ele tem muitos elogios, as pessoas falam que ele é educado. Então, por que comigo é diferente? Eu senti que ele estava me tratando daquela forma por conta do meu estilo, por conta do meu cabelo, da minha pele e por que eu não deixei de questionar a atitude dele”, relata a vítima.
Até a publicação deste texto, Henrique havia solicitado um Boletim de Ocorrência em nome da sogra, que solicitou a viagem, e o pedido segue pendente. Como é menor de idade, cogitou a possibilidade da sua mãe enviar uma solicitação também em seu nome.
A empresa Uber foi mencionada na postagem feita no Instagram do rapper para denunciar o ataque, mas não chegou a entrar em contato com Henrique. Após denúncia no aplicativo, o perfil da sogra foi bloqueado sem explicações.
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