Ao longo de dois dias, a Alma Preta esteve na capital brasileira ao lado de organizações de mídia alternativa de diversas regiões do país para discutir estratégias de comunicação para o fortalecimento da saúde da população negra.
A convite da Fiocruz e do Ministério da Saúde, o grupo de cerca de 30 comunicadores se reuniu na quarta-feira (21) e na quinta-feira (22) no prédio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Universidade Federal de Brasília (UnB).
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A oficina discutiu aspectos sobre a luta contra o racismo no Brasil e a formulação de uma proposta de grupo de trabalho na Saúde para o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação de saúde da população negra. Essa estratégia deverá ter foco em mídias alternativas.
O foco da discussão foi a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNPSIPN) no Brasil. Apesar de publicada há quase 15 anos, a política enfrenta dificuldades na adesão dos municípios. Apenas 371, dos mais de 5,6 mil municípios brasileiros, aderiram à política.
Conforme relato de pesquisadores da Fiocruz e representantes do Ministério da Saúde presentes na oficina, a baixa adesão é fruto da falta de compreensão dos agentes públicos e de saúde a respeito do racismo e da necessidade de medidas específicas de saúde para a população negra. A reunião com comunicadores buscou abrir caminhos para a solução desse problema.
Pesquisadores e comunicadores discutem estratégias de comunicação
A oficina em Brasília contou com debates e palestras de pesquisadores convidados e de agentes da Fiocruz e do ministério. Entre eles, participaram do encontro o assessor especial de promoção da equidade racial em Saúde, Luiz Eduardo Batista e a assessora especial de Comunicação, Myrian Pereira — ambos do Ministério da Saúde. A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, também esteve presente.
Participaram ainda do encontro os pesquisadores da Fiocruz Andrey Lemos e Marly Cruz — que apresentaram e discutiram aspectos da PNPSIPN —, e as pesquisadoras Midiã Noelle, diretora-geral do Instituto Commbne, Rosane Borges, da Universidade de São Paulo (USP), e Daniela Araújo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que discutiram conjuntura e possíveis estratégias de comunicação para o fortalecimento da PNPSIPN.
Os convidados se dividiram em grupos para pensar sugestões para fortalecer a política. Além da Alma Preta, havia membros da Agência Nacional de Favelas (ANF), BemTV, Brasil de Fato, Desenrola e não me Enrola, Ajor, Revista Raça, Africanize, Conexão Periferia, CUFA, CULTNE, TV Restinga, Outras Palavras e Marco Zero Conteúdo, além de representantes da Fiocruz de Recife.
As dezenas de sugestões apresentadas pelos presentes giraram em torno da relação do Estado e do governo federal com a comunicação para o fortalecimento da política, assim como as contribuições dos comunicadores da mídia alternativa nesse sentido. Entre os temas levantados, surgiram pontos como a democratização da mídia no Brasil, a criação e difusão de ferramentas de comunicação sobre a PNPSIPN e a articulação entre os comunicadores presentes para trocas de informações dentro da temática.
Após as discussões e consultas com os presentes, foi sinalizada pelo assessor especial da Saúde, Luiz Eduardo Batista, a criação de um Grupo de Trabalho dentro da pasta — pendente de aprovação — para o prosseguimento dos trabalhos. A expectativa é de que novos encontros como esse, realizado em Brasília, ocorram no futuro.