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Alma Preta recebe prêmio Luiza Mahin

18 de novembro de 2015

Texto: Pedro Borges / Foto: Vinicius Martins e Fernando Martins

Conselho Municipal da Comunidade Negra de Bauru homenageou outras 19 pessoas e entidades que lutam pelo fim do preconceito

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Em cerimônia realizada no Teatro Municipal no dia 17 de novembro, o Conselho Municipal da Comunidade Negra de Bauru, CMCNB, órgão vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, fez a entrega do Prêmio Luiza Mahin a 20 pessoas e organizações que combatem o racismo na cidade.

Entre os vencedores da edição de 2015, está o Alma Preta, portal de mídia negra criado por estudantes da UNESP. Greice Luiz, integrante do CMCNB e também homenageada pelo Luiza Mahin, exalta o site por criar um espaço destinado à discussão sobre identidade, política e enfrentamento ao racismo. “O Alma Preta cria oportunidades para as pessoas refletirem sobre identidade, politica e igualdade. O debate é um espaço muito rico e dá a oportunidade das pessoas expressarem o que a sociedade não quer ouvir”.

Vinicius Martins, editor do Alma Preta, descreve como uma “honra receber um prêmio como esse, principalmente, pelo legado e pela história de luta da Luiza Mahin”. Para ele, é fundamental a existência de um portal de mídia para a democratização da mídia e para o combate ao racismo. “Vejo o Alma Preta como importante pois vivemos em um contexto de concentração de mídia latente, nas mãos de grandes empresários, seja em Bauru ou no resto do Brasil. As pautas e demandas da população afrobrasileira são historicamente ignoradas nesses meios, fato que só contribui para o reforço do racismo no país”.

O último Censo do IBGE em 2010 aponta que a população brasileira é composta por 52,7% de afrodescendentes. Na mídia, por outro lado, pretos e pardos representam apenas 22% dos cargos profissionais, de acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas, FENAJ.

O Prêmio Luiza Mahin existe desde 2005 e foi criado para homenagear pessoas e grupos que contribuem para a afirmação de direitos e combatam todas formas de preconceito na cidade. Os 20 indicados são escolhidos durante as reuniões do CMCNB e aprovados pelos próprios conselheiros.

Na cidade, há também o Prêmio “Zumbi dos Palmares”, instituído desde 25 de novembro de 2003 pela Câmara Municipal de Bauru. As indicações são feitas pelo Conselho Municipal da Comunidade Negra e necessitam da aprovação dos vereadores.

A atividade de entrega do Luiza Mahin faz parte da programação especial da cidade para o mês de novembro, quando se comemora no Brasil a consciência negra e a data da morte de Zumbi dos Palmares. Para Roque Ferreira, vereador de Bauru e primeiro presidente do CMCNB, a importância do prêmio está “no reconhecimento do trabalho de pessoas e entidades que não são as ditas “personalidades”, mas sim pessoas comuns que estão no convívio diário e permanente com a população”.

Tatiana Calmon, outra homenageada da noite, destaca o fato do prêmio exaltar a figura de Luiza Mahin. “A importância está na própria história do nome do troféu. Luiza Mahin teve toda sua vida marcada pela luta contra a escravidão e a opressão”.

Luiza Mahin

Luiza Mahin nasceu em Costa Mina, África, no início do Século XIX e foi trazida para a Bahia como escrava. Ela pertencia à nação Nagô e à tribo Mahi, grupo praticante da religião islâmica e conhecido no Brasil como os malês.

Quituteira de profissão, Luiza difundia suas mensagens revolucionárias em árabe. Ela escrevia bilhetes e os entregava com a ajuda de meninos e meninas que vendiam seus quitutes. Deste modo, Mahin foi uma das principais articuladoras da Revolta dos Males (1835) e da Sabinada (1837-1838). A sua importância era tamanha que, caso a Revolta dos Males tivesse sucesso, Luiza seria reconhecida como a Rainha da Bahia.

Quando foi descoberta, Luiza fugiu para o Rio de Janeiro, onde foi detida. Depois disso, a história oficial não confirma se Luiza foi deportada para Angola, ou enviada para o Maranhão.

O que se sabe é que Luiza, ao partir para o Rio de Janeiro, deixou seu pequeno filho de 5 anos aos cuidados do pai. Aos 10 anos de idade, o menino foi vendido pelo pai para quitar uma dívida de jogo. O jovem cresceu, tornou-se poeta e um dos maiores abolicionistas do Brasil. Seu nome era Luiza Gama.

Lista dos Homenageados

Bruno Eloy Abate de Oliveira, Gilberto Truíjo, Aleksander Rodrigues de Oliveira Soares (Palhaço Faísca), Leonardo de Souza Moreira, Greice dos Santos Luiz, Fabrício Carlos Genaro, Tatiana Virgínia Calmon Borges, Luiza Ribeiro Mattar – professora Luiza Rima, Paulo César Rodrigues de Moraes, Maria Inês Faneco, Silvia Regina Gonçalves, Dulcinéia Cosmo Leizico, Wellington Jorge Brasa de Oliveira, Ozias Japhette La Blessed, Ana Carolina dos Santos Ferreira, Rubens Cesar Colacino, Aline de Jesus Maffi, Portal de Jornalismo Alma Preta, Biblioteca Móvel Quinto Elemento e Maracatu Abayomi.

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