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Ancestralidade e resistência: Salvador lança o primeiro festival de capoeira

Lançamento acontece no Teatro Vila Velha e será uma prévia do Festival, que acontece em janeiro de 2022 com a presença de mestres da capoeira, da cultura popular e grandes nomes da capoeira local e nacional

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Divulgação/Iphan

Ancestralidade e resistência: Salvador lança o primeiro festival de capoeira

18 de novembro de 2021

No mês do Novembro Negro, Salvador lança o primeiro Festival de Capoeira: Ancestralidade e Resistência, no Teatro Vila Velha, na capital baiana. O evento é uma iniciativa para o fomento, fortalecimento e defesa da cultura que faz parte da história de ancestralidade e resistência dos povos africanos escravizados no Brasil e reconhecida como patrimônio cultural nacional desde 2008. O lançamento acontece na sexta-feira (19), às 19h, com apresentações de dança, música e recital de poesia, com transmissão ao vivo pelo canal do Capoeira em Movimento Bahia, organizador do evento.

O evento de lançamento é uma prévia do festival principal, que acontece nos dias 20 a 23 de janeiro de 2022. Mestres, contramestres, pesquisadores e artistas sairão pelas ruas da capital baiana, considerada a cidade mais negra fora de África, com uma Berimbalada, ato cultural organizado em defesa das manifestações presentes na capoeira e dos griôs que levaram a capoeira da Bahia para o mundo, como Mestre Pastinha e Mestre Bimba. Além disso, o festival também vai realizar oficinas gratuitas e pagas (com valores simbólicos), que serão divulgadas em breve.

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O mestre de capoeira, cantor e compositor Tonho Matéria é um dos convidados do projeto e participa da organização artística, cultural e política do festival. À Alma Preta Jornalismo, o mestre conta que a celebração do evento é de suma importância para visibilizar e salvaguardar os profissionais que sobrevivem através da capoeira, seja pela música, artesanato e demais expressões da cultura.

TONHO MATERIA siteTonho Matéria é um dos convidados do projeto e participa da organização artística, cultural e política do festival | Foto: Divulgação

“Estamos trazendo a salvaguarda da capoeira, os nossos griôs da capoeira, principalmente aquele que tem um artesanato da capoeira, mas que sempre teve dificuldade até de apresentar o seu material. Para esse projeto, a expectativa é muito grande porque eu vejo nas redes sociais todos os capoeiristas se manifestando, é um projeto pensando em todas as capoeiras, seja ela capoeira da academia, de rua, regional, angola e todas as suas matrizes […] Para a gente é muito importante estar afinando o início da capoeira, trazendo também um propósito da discussão das políticas públicas dentro de cada segmento que a capoeira abraça”.

Também participa do evento de lançamento a Orquestra de Berimbaus Afinados Dainho Xequerê (OBA DX), grupo baiano que explora arranjos especiais e novos efeitos sonoros para um dos principais instrumentos da capoeira. Dainho Xequerê, idealizador e integrante da orquestra, será o coordenador do concurso de cantigas do festival no próximo ano e diz que o projeto será um impulsionador para celebrar a capoeira em suas diversas vertentes.

OBA DX IROKO siteOBA DX será uma das atrações do evento de lançamento | Foto: Divulgação/Iroko

“É um momento que traz um novo pensamento para a capoeira nesse momento de tanto afastamento, de isolamento social. O festival vem para unir novamente as pessoas, mesmo que seja online ou presencial, mas com intuito de manter a cultura viva, de poder dizer que a capoeira da Bahia está viva, está pensando na sua ancestralidade, na sua resistência. Mesmo com toda pandemia e todas as estratégias para parar, a capoeira não para”.

Para 2022, o festival terá cinco eixos temáticos: Capoeira tem luta por direitos (dedicado às rodas de conversas, debates e os encontros com pesquisadores), Capoeira tem erê (numa referência aos orixás criança e voltado para a participação infanto juvenil e juvenil ), Capoeira tem Magia (voltado para as artes na linguagem da música, composições, expressões diversas e um desfile de moda); Capoeira tem Criatividade (voltado para a realização da feira e roda de negócio com artesanato e gastronomia), Capoeira tem ancestralidade (oficina e espaços de vivência com os griôs e capoeiristas).

Mais informações sobre o festival podem ser conferidas nos canais do Capoeira em Movimento Bahia no Instagram, Facebook e Youtube.

Leia também: “A Capoeira mostra que o povo negro não nasceu na escravidão”, afirma educador social

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  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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