Quando o angolano Robson Leandro veio visitar o Brasil, em 2014, ele nem imaginava que o seu país de paixão seria o palco para transformação da sua vida. Com ideias no papel e um objetivo na cabeça, Robson tinha uma única missão: democratizar o ensino do inglês para quem mais precisa, seja para o aprendizado ou para maiores oportunidades de trabalho e estudo.
De família humilde de oito irmãos e natural de Luanda, capital da Angola, o empresário começou a carreira como professor de inglês autodidata na cidade natal. Mesmo sem diploma de faculdade e ensino médio completo, Robson viu a necessidade de expandir o seu interesse pelo idioma.
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Quatro anos após a sua chegada definitiva ao Brasil, em 2016, e depois de passar por duas demissões, o professor de inglês decidiu, em 2020, apostar na “Unmaze“, plataforma que facilita a conexão de professores de inglês autônomos a alunos.
“Unmaze vem de descomplicar. “Maze” vem de labirinto, uma coisa difícil de pôr em prática e o “Un” vêm de oposto de alguma coisa”, explica o CEO da plataforma.
Para além de auxiliar profissionais independentes, o projeto passa por uma nova fase, com a inserção de professores de libras que dão aulas gratuitas para pessoas surdas de baixa renda. Os alunos também têm a opção de pagar o valor integral do curso ou com preços sociais.
O que começou como um projeto piloto com apenas um aluno surdo e uma intérprete de libras e professora em Letras-Inglês, hoje já auxilia mais de dez alunos com bolsa integral e três profissionais especializados no ensino para pessoas surdas. Ao todo, a plataforma conta com 38 professores e mais de 300 alunos.
“Eu queria [ensinar] sempre com isso na cabeça de que todo mundo tem que ter a oportunidade porque eu sei como o inglês muda a vida das pessoas, inclusive pessoas que têm maior dificuldade não só pela cor da pele, mas também por uma deficiência”, reflete Robson.
Método de ensino
Para democratizar o ensino para pessoas com deficiência auditiva, Robson adaptou um método que já utilizava quando iniciou como professor: a associação de imagens com as palavras.
“Se eu falo África, você vai reproduzir a imagem, se eu te falar Cristo Redentor, vai aparecer a imagem na sua cabeça… e é assim que o nosso cérebro funciona. É o uso de imagens para aprendizado e eu comecei a chamar isso de ‘This Way’ (‘Desse jeito’, em tradução livre) porque era a forma como eu ensinava e também mostrava um caminho mais fácil de se aprender inglês”, relata.
Por exemplo, se o objetivo da aula é reproduzir uma frase em inglês, como sofá, os alunos são direcionados a uma imagem do objeto e a palavra é repassada em formato de Libras para os alunos, o que, segundo Robson, é um método muito mais acessível para o aprendizado.
Para ele, o objetivo da plataforma agora é expandir o método para todas as escolas como forma de auxiliar mais pessoas surdas. Segundo o empresário, para os projetos futuros também estão previstos o ensino do idioma para pessoas cegas.
“A gente não quer ser pioneiro para carregar a bandeira de pioneiros, mas queremos que as escolas se conscientizem e abram isso para mais gente porque estamos dispostos a ajudar”, ressalta.
“Eu tenho oito irmãos e na minha casa ninguém fez faculdade. Então, como eu penso educação e acessos? Eu acho que pessoas que lideram movimentos como eu estou tendo a oportunidade de liderar tem que pensar cada vez mais nas dificuldades de acesso que as pessoas têm para que a gente possa construir um futuro melhor. Para mim, a educação dita o futuro das pessoas”, completa.
Para ter acesso à plataforma é preciso clicar no site da Unmaze e selecionar o tipo de plano específico para a demanda do aluno. As aulas são customizadas para cada aluno, que também pode escolher em aprender inglês voltado para determinadas áreas, como Tecnologia, Viagens, Esportes entre outros.
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