PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Após pressão, Braskem recua e não participará da programação da COP 28

Movimentos sociais se preparavam para construir intervenções durante a participação da mineradora na agenda oficial do governo brasileiro na conferência do clima
Brasileira protesta contra Braskem, mineradora responsável por desastre ambiental em Maceió (AL).

Foto: Vinicius Martins/Alma Preta

4 de dezembro de 2023

A mineradora Braskem, responsável por um desastre ambiental em Maceió (AL), recuou da participação que faria na programação do governo brasileiro na COP 28 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas). Movimentos sociais negros e de juventude preparavam intervenções durante os painéis da companhia.

A empresa estava registrada para participar de duas atividades, conforme aparece no site do Ministério do Meio Ambiente. No dia 8 de dezembro, momento destinado para o papel da indústria, a Braskem era esperada para o debate “O papel da indústria na  economia circular de carbono neutro”, das 10h30 às 11h45, no estande oficial do Brasil.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Já em 11 de dezembro, último dia de programação do estande brasileiro, a Braskem era esperada para acompanhar a agenda “Impactos da mudança do clima e a necessidade de adaptação da indústria”, também no espaço oficial do governo federal, das 13h30 às 14h45.

As informações foram apuradas com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores com a responsabilidade de organizar as atividades do país nas COPs. De acordo com as informações, havia a expectativa de receber a Braskem, mas houve uma mudança na programação e de momento não se espera mais a mineradora. 

A programação no site da Apex é atualizada diariamente, diferente do que está colocado na agenda do Ministério do Meio Ambiente (MMA). No site do MMA, o nome da Braskem ainda está listado como participante do espaço.

A Braskem é responsável pela exploração mineral em Macéio, em especial de Sal-Gema. A situação tem impactado a cidade de Maceió, com média de afundamento de 0,3 cm por hora. Ao todo, o solo já cedeu cerca de 2 metros.

Vista aérea do terreno submerso no bairro Mutange, em Maceió, Alagoas, em 1º de dezembro de 2023. A área afetada fica próxima a uma mina de Sal-Gema e já afundou cerca de dois metros, forçando a evacuação de 55 mil residentes e um hospital.
Vista aérea do terreno submerso no bairro Mutange, em Maceió, Alagoas, em 1º de dezembro de 2023. A área afetada fica próxima a uma mina de Sal-Gema e já afundou cerca de dois metros, forçando a evacuação de 55 mil residentes e um hospital. Foto: Robson Barbosa/AFP

A ativista da LabHacker Evelyn Gomes, que acompanha o caso, acredita que houve uma avaliação de gestão de crise da empresa para não participar. “Eles tentam apagar toda e qualquer repercussão negativa, uma ação no COP contra eles, mundialmente seria péssimo”, avalia.

Procurada pela Alma Preta Jornalismo, a Braskem afirmou em nota ter metas de redução de emissões de poluentes e disse que o cancelamento da participação nos painéis da COP 28 se devem ao “agravamento da crise de Maceió”.

“A Braskem está acompanhando a COP e todas as discussões sobre mudanças climáticas, uma vez que tem metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e de crescimento com produtos mais sustentáveis, entre eles bioprodutos e produtos com conteúdo reciclado. Nos últimos dias, diante do agravamento da crise de Maceió, achou melhor cancelar sua participação em alguns painéis para evitar que o assunto sobrepujasse quaisquer outras discussões técnicas, dificultando eventuais contribuições que a empresa pudesse oferecer.”, diz o comunicado enviado pela mineradora.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano