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Após publicar fake news sobre Marielle Franco, desembargadora será processada

18 de março de 2018

Marília Castro Neves, do TJ-RJ, comentou em post do advogado Paulo Nader que a ex-vereadora, executada no dia 14, estava “engajada por bandidos”

Texto / Amauri Eugênio Jr.
Imagem / Mídia Ninja

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Na sexta-feira (16), a magistrada Marília Castro Neves, do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), afirmou, em publicação feita no Facebook, que Marielle Franco havia sido eleita pelo Comando Vermelho e estava “engajada com bandidos”. O comentário foi feito em post publicado pelo advogado Paulo Nader, que se referiu à ex-vereadora, assassinada na quarta-feira (14), como “lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida”.

Na mesma publicação, Neves declarou que ela havia descumprido “‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores” e que “mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’”, Marielle sabia “como são cobradas dívidas por grupo entre os quais transacionava” e que apesar de nunca ser possível saber o que determinou a execução, o engajamento político da vítima foi determinante para a tragédia. Por fim, a magistrada ressaltou que “qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.

Contudo, o comentário da desembargadora foi baseado em uma fake News, uma vez que não há elementos que respaldem tais afirmações. Após a repercussão do caso, o qual motivou um grupo de advogados começar a fazer campanha para ela ser denunciada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em virtude do teor da declaração.

Vale ressaltar que a morte de Marielle Franco teve mais de 567,1 mil menções no Twitter entre as 22h de 14 de março e as 17h do dia seguinte. De acordo com levantamento da FGV-DAPP (Diretoria de Análise de Políticas Públicas), da FGV, cerca de 7% dos comentários feitos continham críticas ao PSOL e teor negativo em relação à ex-vereadora – apesar de o comentário de Marília Castro Neves ter sido feito em outra rede social, é possível dizer que ela faz parte de minoria que tenta minimizar a tragédia.

Repercussão e desdobramentos

Em entrevista publicada sábado (17) na coluna de Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a desembargadora afirmou que postou informações lidas em um texto de uma amiga e estava se opondo à politização da morte dela – apesar disso, ela se contradisse, pois afirmara no comentário que o engajamento político foi determinante para a tragédia.

Ainda, Marília Castro Neves citou que “outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção” e “ela também lutava, trabalhava, salvava vidas”. Em 2016, a médica Gisele Palhares Gouvêa foi assassinada durante tentativa de assalto na saída da rodovia Presidente Dutra, no acesso à Linha Vermelha. À época, o nome dela seria dado à expansão da Maternidade Municipal Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu.

O PSOL entrará com representação oficial contra a desembargadora no CNJ, além de ação criminal por calúnia e difamação, em virtude do pronunciamento calunioso. Ivan Valente, deputado federal pela mesma legenda, afirmou em sua página no Facebook que o episódio “mostra a que ponto chegou o nível de alguns magistrados”, acusações de calúnia, difamação e mentira serão alvos de processos e que o CNJ deve manifestar-se com urgência sobre esse fato. “Sua atitude e irresponsabilidade devem ser execradas publicamente”, afirmou o parlamentar, ao ressaltar que a declaração da desembargadora “mostra também que a estupidez humana pode ser ilimitada”.

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