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As dificuldades das pessoas transexuais no acesso à educação

A série “Estudantes na Alma Preta” traz as histórias de jovens da rede estadual de ensino da Bahia narradas a partir da perspectiva deles

Imagem: Alma Preta Jornalismo

Foto: Imagem: Alma Preta Jornalismo

14 de dezembro de 2021

Na minha cidade Juazeiro, Bahia, temos várias escolas de boa reputação, mas que falham com alunos (as) transexuais. Eu, por exemplo, passei por algumas delas, e dificilmente a direção se preocupou com as ações de alunos e professores em sala de aula, fechavam os olhos para as minhas pequenas exigências de respeito. O que eu vivenciei na pele tem nome: TRANSFOBIA.

O termo transfobia foi criado para dar nome ao ato de preconceito e discriminação, o medo e/ou ódio contra pessoas transgêneras, que são aquelas que não se identificam com o sexo biológico de nascimento com ambos os sexos ou nenhum deles. A transfobia age principalmente como uma exclusão social.

Em junho de 2019, foi estabelecida a criminalização de homofóbicos e transfóbicos (a pena prevista é de um a três anos, podendo chegar a cinco anos em casos mais graves). Entretanto, a discriminação contra essas pessoas existe e está enraizado em pensamentos antiquados e muitas vezes machistas.

O preconceito é o principal fator para a evasão escolar das pessoas trans. De acordo com uma pesquisa sobre a escolaridade de pessoas transexuais realizada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), em 2018, cerca de 0,02% das pessoas trans estavam na universidade. Os dados mostraram que 72% não possuem Ensino Médio e 56% não completaram o Ensino Fundamental. As informações alarmantes se relacionam com a expectativa de vida dessas pessoas que, segundo a Antra, é de 35 anos de idade e 90% vivem em situação de prostituição.

A transfobia não vem apenas de áreas ou locais e, sim, da sociedade, e, por isso, uma escola bem preparada para o recebimento, ou melhor, acolhimento de alunas ou alunos trans, muda completamente a visão de outros estudantes. Entre os problemas que tiram as pessoas trans da escola estão a falta de respeito com o nome social e de esforços para mudar as maneiras de acolhimento educacional, que foi o meu ponto crucial ao escolher uma escola com boa reputação em todos os requisitos para uma aluna travesti.

O Colégio Democrático Estadual Professora Florentina Alves dos Santos – Tempo integral (Codefas), onde estudo o 2º ano do Ensino Médio, fez e continua fazendo um trabalho de grande importância para a formação das pessoas trans e travestis, ensinando não só disciplinas educacionais. A escola também se preocupa em ensinar valores de respeito à diversidade sem causar constrangimento para ambas as partes (Gestão escolar e estudantes).

O diretor Charles Jean, responsável pela administração escolar, preza pela conscientização da escola para facilitar a educação com alunas transexuais. Desde janeiro de 2018, o Ministério da Educação (MEC) autorizou oficialmente o uso do nome social nos registros escolares de educação, e assim, a escola vem cumprindo. Mas a realidade não é a mesma na maioria das escolas do país.

Por isso, é importante cada vez mais ações que incentivem os alunos a respeitar o nome social dentro e fora do local de estudo, capacitar os profissionais, oferecer opções variadas de banheiro (neutro ou o próprio feminino), e, se possível, sempre incluir a os alunos LGBTQIA+ em projetos de socialização. Com tão pequenas soluções mudaremos as expectativas de vida das pessoas trans para que possam ter acesso à Educação e mais oportunidades na vida.

Sobre a autora: Kethllen Annêmona é uma jovem de 16 anos, moradora da cidade de Juazeiro, na Bahia, e estudante do Ensino Médio na Escola Estadual Professora Florentina Alves dos Santos.

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