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Ativistas lotam o centro da capital pernambucana para pedir Fora Bolsonaro

Manifestantes percorreram uma das principais avenidas do centro do Recife para reivindicar vacina no braço e comida no prato; ato reuniu representantes de diversos campos sociais que criticam a atuação do governo federal

Texto: Lenne Ferreira | Imagem: Fran Silva

Imagens do ato em Recife, capital pernambucana. Manifestantes protestam contra a conduta do governo Bolsonaro durante a gestão da pandemia no Brasil. No meio, uma mulher negra segurando um cartaz verde escrito "Fora Bolsonaro e sua corja".

19 de junho de 2021

Professora há mais de 40 anos, Silvana Gomes, estava com os cachos ensopados pela água da chuva e uma rosa vermelha em mãos em homenagem às vítimas fatais da Covid-19. Ângela Ferreira, 57 anos, é ambulante e aproveitou o movimento de pessoas no ato para vender churrasco e água. Desempregada, embora ocupada assando os espetinhos, ela também fazia coro com os manifestantes para reivindicar auxílio digno para a população. Duas mulheres de contextos sociais diferentes, mas que se juntaram aos milhares de manifestantes presentes no ato “Fora Bolsonaro, Vacina no Braço e Comida no Prato”,  na região central do Recife.

Mesmo em um momento em que o distanciamento social se faz necessário, uma multidão marchou em fila indiana em uma das principais avenidas da capital pernambucana, a Conde da Boa Vista, área essencialmente comercial da cidade.  A concentração de pessoas iniciou pouco antes das 9h da manhã e contou com o trabalho voluntário na organização. Assim que saiu da Praça do Derby, ponto de partida do ato, houve um pequeno tumulto no trânsito e algumas motos tentaram passar entre a multidão. Um bloqueio corporal formado por voluntários ajudou a conter.

Verônica Magalhães, da União Brasileira de Mulheres, estava com uma garrafinha de álcool para ajudar na higienização das mãos dos ativistas. Houve ainda  máscaras PFF2 para quem usava máscara de pano. “Esse ato representa vacina para todos e comida no prato. Chegamos a meio milhão de vidas perdidas . O Brasil hoje vive um caos na administração pública. O governo Bolsonaro não se responsabiliza pela vida das pessoas. “Esse ato é pró-vida. Principalmente a vida das mulheres que estão como arrimo de família”, encerrou.

“Nós, que vivemos como ambulantes, precisamos de movimento para vender. Tudo parou com a pandemia e tá sendo difícil sobreviver”, pontua a ambulante Ângela. O marido dela trabalha como ajudante de pedreiro enquanto ela trabalha como camelô ao longo da semana. O casal representa a realidade de milhões de brasileiros que, neste momento, não contam com uma renda para a manutenção de seus lares. E essa foi uma das principais pautas levantadas pelo ato organizado nacionalmente e que mobilizou entidades, autoridades públicas e sociedade civil para aumentar a pressão contra o governo Bolsonaro na semana em que o Brasil ultrapassou mais de meio milhão de mortos. 

Leia também: Movimentos sociais vão às ruas pedir impeachment de Bolsonaro

Também estiveram presentes no ato parlamentares de diversos campos de atuação, representantes de partidos e do governo, e de movimentos sociais. Entidades ligadas ao movimento negro reforçaram a pauta contra o genocídio da população negra. Diferente do que aconteceu no último ato Fora Bolsonaro, quando manifestantes foram violentamente agredidos, o policiamento estava tímido. Ao longo do trajeto, era possível ver agentes posicionados e apenas observando, alguns até filmando a passeata. Alguns manifestantes relembraram a violência sofrida por dois homens, que perderam a visão depois de serem atingidos por balas de borracha atiradas pela polícia. 

“Se o povo sai na rua numa pandemia é porque o governo é mais danoso do que o vírus”. A declaração é da vereadora na cidade do Paulista, Flávia Hellen, que chamou atenção para a importância da população ocupar as ruas nesse momento. “Mesmo nesse contexto precisamos mostrar nossa indignação contra esse desgoverno Bolsonaro que está massacrando o nosso povo. E esse povo é preto e pobre e das periféricas. Precisamos tirar Bolsonaro e construir um projeto de país que volte a distribuir renda e inserir o povo no orçamento das polícias públicas”, pontuou.

A vereadora mais bem votada do Recife, Dani Portela (PSOL), que acaba de ser eleita presidente da Comissão de Igualdade Racial do Recife. “Vivemos uma crise humanitária e Bolsonaro mata mais do que o vírus. Viemos às ruas no último dia 29 e prometemos que o dia 19 seria ainda maior e foi. Pedindo vacina no braço, comida no prato, mas sobretudo gritando muito alto Fora Bolsonaro. Não dá para esperar por 2022. Precisamos interromper um projeto de uma necropolítica que decide nos matar”, comentou a vereadora. O ato terminou por volta de meio-dia, na Avenida Grararapes, quando os manifestantes começaram a dispersar.

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