O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) absolveu seis policiais militares envolvidos na morte de Claudia da Silva Ferreira em 2014. O caso aconteceu no Morro da Congonha, em Madureira, Zona Norte da capital fluminense, e teve grande repercussão devido a um vídeo que registrou a mulher negra sendo arrastada por 300 metros por uma viatura após ser baleada.
A sentença foi definida em 22 de fevereiro, mas só agora foi divulgada pela Justiça do Rio de Janeiro. Movimentos sociais e ativistas protestaram contra a decisão.
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A investigação da Polícia Civil indicou que a bala que atingiu o pescoço de Claudia partiu do local onde estavam os policiais, que trocavam tiros com traficantes da região.
No entanto, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, entendeu que os acusados agiram em legítima defesa para “repelir injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”.
“Estou chocada. Nenhuma responsabilidade [foi] atribuída aos policiais que mataram e arrastaram o corpo de uma mulher negra, mãe e trabalhadora”, disse a diretora-executiva da organização civil Criola, Lúcia Xavier, em entrevista à Agência Brasil.
Nas redes sociais, a Rede Observatórios da Segurança relembrou o caso e destacou que Claudia era mãe de quatro crianças e ainda cuidava de mais quatro sobrinhos.
Há 10 anos, Cláudia Ferreira foi morta por policiais e arrastada por uma viatura por cerca de 350 metros. A auxiliar de serviços gerais era mãe de quatro filhos e cuidava de mais quatro sobrinhos. No momento do crime, ela estava indo comprar o café da manhã das crianças. pic.twitter.com/lH5uQSnaGw
— Rede de Observatórios da Segurança (@rede_seguranca) March 16, 2024
O perfil da Justiça Global no X (antigo Twitter), ressaltou a sensação de impunidade que o desfecho do caso trouxe.
Em 16 de março de 2014, Claudia da Silva Ferreira foi alvejada enquanto ia comprar pão pra sua família no Morro da Cogonha, região de Madureira, Zona Norte do Rio.
— Justiça Global (@justicaglobal) March 18, 2024
A vereadora carioca Mônica Benício (PSOL), afirmou ser “mais um absurdo” do judiciário brasileiro. “Mais uma decisão baseada no racismo e elitismo que imperam na nossa sociedade.”
Em 2014 Cláudia Ferreira, trabalhadora, moradora de Madureira, foi baleada e depois arrastada pelo carro da Polícia Militar. Um crime que chocou todo o país. Hoje, 10 anos depois, os policiais responsáveis foram absolvidos. O juíz Alexandre Abrahão Dias Teixeira considerou…
— Monica Benicio 🏳️🌈 (@monica_benicio) March 18, 2024