A chacina que resultou na morte de 29 pessoas na Favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, levou cerca de 3 mil pessoas a protestar no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), na região central da capital paulista, neste sábado (8). A ação exige investigação séria sobre o massacre e o fim da violência nas periferias, que atinge principalmente a população negra.
O ato foi organizado pela Coalizão Negra Por Direitos e outras organizações que compõem o movimento negro. Lideranças políticas femininas compareceram em peso. Entre elas, a vereadora Luana Alves, líder do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo; a co-vereadora Paula Nunes, da Bancada Feminista; e Simone Nascimento, do MNU (Movimento Negro Unificado).
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“As pessoas não aguentam mais. Para além das imagens chocantes que a gente viu no Jacarezinho, com pessoas negras no chão, sangue no chão. Isso é uma prática de terrorismo”, diz Luana, em entrevista à Alma Preta Jornalismo.
A vereadora paulista lembra que além da violência policial, que não para, o país ainda enfrenta uma pandemia, onde as pessoas negras e pobres também são as mais vitimadas.
“Uma pessoa negra em São Paulo tem três vezes mais chances de morrer que uma pessoa branca, as pessoas estão cansadas. Eu estou indignada. É um acúmulo de coisas”, acrescenta a vereadora.
A Avenida Paulista foi interditada no sentido bairro e faixas de movimentos sociais foram estendidas com pedidos pelo fim da violência policial. Os manifestantes saíram do MASP em direção à Praça do Ciclista. Dois manifestantes foram detidos pela Polícia Militar perto do término do ato. Ambos foram levados para o 78º Distrito Policial, localizado no Jardins.
O que aconteceu no Jacarezinho?
A chacina aconteceu na manhã de quinta-feira (6), na Zona Norte do Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Civil, a ação realizada em conjunto com a Polícia Militar e foi motivada por denúncias de que traficantes locais estariam aliciando crianças e adolescentes para o crime.
Em junho de 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu operações policiais no Rio de Janeiro por conta da pandemia da Covid-19. Mesmo assim, o governo do estado tem desrespeitado a decisão.
“Aconteceria o mesmo em São Paulo. É o mesmo sistema de exclusão. O Rio de Janeiro tem as suas características específicas, mas a lógica da polícia, a lógica da força do estado, é a mesma. Apesar das diferenças locais, a gente sabe que aconteceria com a gente”, compara a vereadora Luana.
O texto foi alterado às 20:05 conforme novas informações foram recebidas da manifestação.
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