Entidades do movimento negro e organizações da sociedade civil realizaram na noite da última quinta-feira (5) uma manifestação para chamar atenção aos recentes casos de violência policial no estado de São Paulo. O ato, concentrado em frente ao Theatro Municipal da capital paulista, teve como uma das principais demandas a exoneração do atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Diante dos últimos casos de violência envolvendo a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) e o aumento nos índices de letalidade, Derrite, chefe da pasta de segurança pública desde fevereiro de 2023, é visto como um dos principais responsáveis por controlar os abusos da corporação.
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Desde que assumiu a SSP, o ex-policial responde com frequência aos excessos de força e violações de direitos humanos cometidos por PMs, como nas execuções de civis das operações Verão e Escudo, na Baixada Santista. Ocorreram diversas ocorrências de disparos contra pessoas desarmadas, agressões em velórios e até mesmo uma alta expressiva de jovens mortos em ações policiais.
Segundo o Instituto Sou da Paz, as mortes de adolescentes pelas polícias civil e militar saltaram 58,3% no estado desde o último ano.
O ato, ao qual a Alma Preta acompanhou, reuniu milhares de pessoas, entre representantes de entidades do movimento negro, coletivos de vítimas da polícia e outros setores da população. Juntos, os presentes pediram por justiça às vítimas, a responsabilização dos policiais culpados e a demissão do secretário em exercício.
Em entrevista à reportagem, a coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) Simone Nascimento afirmou que a política da segurança pública paulista é falha e não prioriza a vida da população.
“A política de desmonte do Tarcísio fez com que essa letalidade aumentasse, inclusive com operações e chacinas na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. E agora a gente acompanha o aumento dessa violência cada vez mais visível por parte da denúncia da sociedade civil”, disse.
“Nós estamos aqui para dizer que a atual política de segurança pública não tem sido uma política que prioriza as nossas vidas. Pelo contrário , tem nos matado, matado crianças, jovens, adultos, agredindo idosos, mulheres”, completou.
O atual ouvidor das Polícias, Cláudio Silva, também participou do ato e destacou a importância da mobilização popular.
“Quem financia essa política é a população. Então é a população que tem que dizer para o gestor público a política de segurança pública que quer. A polícia deve proteger as pessoas e é por isso que a gente precisa estar sempre atento e debater as questões da polícia”, defendeu Silva.