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Ato pede mudança de nome da estação D. Pedro II para Luís Carlos Ruas

29 de dezembro de 2016

Texto: Pedro Borges / Edição de Imagem: Pedro Borges

Manifestação também denuncia violência contra a população LGBT no país

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No dia 30 de Dezembro, sexta-feira, a partir das 15h, acontece o ato em homenagem a Luís Carlos Ruas, vendedor ambulante de 54 anos, assassinado no dia 25 de Dezembro, domingo, por Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Martins do Nascimento. O protesto ocorre na estação de metrô D. Pedro II, mesmo local onde o ‘Índio’, como era conhecido, foi espancado até a morte.

A manifestação de sexta-feira tem o objetivo de exigir a mudança de nome da estação de metrô D. Pedro II para Luís Carlos Ruas, explica Paulo Escobar, um dos organizadores do ato e integrante do Coletivo Autônomo dos Trabalhadores Sociais – Catso, grupo com experiência na militância com os moradores de rua. “Uma das nossas exigências é mudar o nome da estação D. Pedro II, que na verdade foi um grande opressor, e colocar o nome de um trabalhador negro, pobre, como uma forma de não esquecer da intolerância e do que aconteceu ali”.

A manifestação também denuncia a violência contra a população LGBT no país. De acordo com as testemunhas, os dois rapazes, Alípio e Ricardo, urinavam no entorno do metrô, quando Raissa, travesti e moradora de rua, reclamou da ação. Depois disso, a dupla passou a perseguir Raissa e Brasil, outro morador de rua e homossexual. Ruas queixou-se da ameaça feita à Raissa e pediu calma aos dois sujeitos, que passaram a espanca-lo.

Ato Ruas

Terra Possa, analista de políticas públicas da Secretaria Municipal de Igualdade Racial (SMPIR) e mestranda em antropologia social na USP, destaca as marcas transfóbicas, racistas e misóginas do crime. “É bastante importante percebermos que o racismo e a transfobia estão profundamente relacionados nesse caso, além do fato de que a violência contra travestis também possui um caráter misógino. Acredito que o fato de um homem negro trabalhador ter sido assassinado pelos agressores, ao defendê-las, fez com que este caso fosse mais divulgado. Ao mesmo tempo, não houve socorro e o metrô sequer tinha uma equipe de segurança no local, o que é gravíssimo. É impressionante como este descaso atinge justamente este recorte da população, pessoas negras, trabalhadores, pessoas em situação de rua, e dentro da população LGBT, as pessoas trans são as que possuem a existência mais precarizada”.

O fato ainda abre a possibilidade de se questionar o valor social dado às vidas negras e de pessoas trans, de acordo com Terra. “Imagino que os agressores só foram até o fim porque visivelmente eram travestis negras e um homem negro e pobre. Sabemos que essas vidas, considerando a moralidade conservadora que cada vez mais volta à tona sem vergonha de se esconder, são tidas como menos dignas de serem vividas”.

Ricardo Martins do Nascimento, preso na noite do dia 27 de Dezembro, na cidade de Itupeva, região de Campinas, alegou estar alcoolizado e arrependido com o crime. Alípio Rogério dos Santos foi detido na tarde de quarta-feira, 28/12, em Itaquera, Zona Leste. O advogado da dupla disse que os agressores agiram em legítima defesa, por uma tentativa de assalto fora da estação e não tiveram a intenção de matar.

A polícia investiga que os dois criminosos façam parte de um grupo de intolerância contra negros, LGBTs e nordestinos. A dupla carregava consigo soco inglês.

O ‘Índio’ trabalhava há mais de 20 anos na saída de uma passarela para pedestres do lado de fora da estação onde foi morto. Ruas morreu no Pronto Socorro Vergueiro, na Aclimação, e teve seu corpo velado no dia 27, terça-feira, no Cemitério Jardim Vale da Paz, em Diadema, na Grande São Paulo.

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