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Ausência de diversidade em empresas provoca racismo nas relações de consumo, aponta estudo

Estudo mostra que 69% das pessoas negras já sofreram algum tipo de discriminação
Imagem mostra três pessoas em um ambiente empresarial e com vestimentas sociais.

Ausência de diversidade em empresas provoca racismo nas relações de consumo.

— Yan Krukau/Pexels

18 de janeiro de 2025

O avanço em discussões sobre racialidade apresenta uma nova perspectiva para o campo empresarial. Porém, mesmo com a cobrança por um espaço politizado, casos de intolerância seguem recorrentes nas relações de consumo. O estudo Oldiversity, desenvolvido pelo Grupo Croma, mostra que 69% das pessoas negras já sofreram algum tipo de discriminação.

Os dados divulgados pela pesquisa acompanham o aumento do número de processos por racismo e injúria racial no Brasil. Segundo o Painel de Monitoramento Justiça Racial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram registradas 5.552 denúncias em 2024, um crescimento de 64% em comparação ao ano anterior.

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A acusação de racismo contra a gigante do varejo Magazine Luiza registrada no último dia 5 de janeiro é um reflexo do despreparo de empresas para lidar com a diversidade. A consumidora fez um boletim de ocorrência depois de receber um e-mail em que era chamada de “macaca” pela empresa. O caso ocorreu após a vítima ter realizado o processo de reconhecimento facial solicitado pelo aplicativo da marca.

Em nota, a rede diz ter excluído o campo “apelido” dos formulários cadastrais juntamente com uma lista de palavras inapropriadas para evitar casos semelhantes. Contudo, grupos ativistas relatam a frustração com a recorrência dos casos.

Na mesma semana em uma loja no Rio de Janeiro, uma senhora foi acusada de furto e teve que jogar todos os pertences de sua bolsa no chão, onde nada foi encontrado. A senhora em questão também é negra.

O estudo Oldiversity revela que 62% dos entrevistados acreditam que as empresas têm preconceito em contratar profissionais negros. A resistência em trazer grupos marginalizados para o mercado de trabalho impossibilita o desenvolvimento de um ambiente respeitoso, limitado à ótica de pessoas privilegiadas.

Com a crescente ocorrência desses casos, a atuação dos órgãos de defesa do consumidor torna-se essencial para garantir a criação de um ambiente justo e igualitário. Nesse contexto, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e os próprios Procons têm implementado ações para combater práticas discriminatórias, incluindo a fiscalização de denúncias e a realização de campanhas educativas.

Um exemplo disso é a cartilha criada pelo Procon-SP, que apresenta dez princípios para combater o racismo nas relações de consumo, com o objetivo de promover a igualdade no comércio.

No entanto, ainda de acordo com a base do estudo, 22% dos ouvintes admitem que às vezes possuem atitudes consideradas racistas. “É imprescindível que empresas, marcas e órgãos de proteção ao consumidor atuem de forma integrada para combater o racismo nas relações de consumo. Não basta apenas reconhecer a desigualdade, é necessário agir para transformá-la”, aponta Edmar Bulla, especialista em Marketing Digital pela Universidade de Harvard, nos EUA, e em Neurociência e Comportamento pela PUC.

“Além de promover o respeito mútuo e criar espaços para o diálogo, a adoção de políticas de empregabilidade, o impacto social positivo e a fiscalização dos direitos dos consumidores são essenciais para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa, onde todos possam ser tratados com dignidade e respeito”, acrescenta o especialista.

Preparo das lojas para atender diversidade da população

O estudo informa ainda que apenas 45% das pessoas negras acreditam que as lojas estão adequadamente preparadas para atender à diversidade. Esses dados evidenciam o impacto profundo e direto desse tema na vida das pessoas.

Diante disso, a criação de um ambiente de consumo mais justo exige a fiscalização rigorosa das relações comerciais, o incentivo ao respeito mútuo e a criação de espaços de diálogo.

Apenas com ações concretas e um esforço coletivo será possível superar as barreiras do racismo e construir uma sociedade na qual todos tenham o direito de ser tratados com igualdade e dignidade, independentemente de sua cor ou origem.

Mesmo em tempos de conscientização e letramento racial, 6% dos entrevistados consideram estranho ser atendidos por pessoas negras. “Isso evidencia o quanto o preconceito está enraizado em nossa sociedade e reforça a necessidade de continuarmos a lutar por uma verdadeira inclusão e respeito à diversidade”, finaliza Bulla.

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  • A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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