Considerada a única Casa de Passagem no ABC Paulista, a Casa Carolina Maria de Jesus (@casacarolina.abc) está mobilizando uma campanha para a reforma do espaço que abriga mulheres vítimas de violência em São Paulo. A Casa surgiu em julho deste ano, por meio da ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benário em uma clínica que estava fechada há dez anos. Desde então, o movimento, junto com outras organizações, vem mobilizando voluntários e movimentos para a construção de um espaço de atendimento para mulheres violentadas.
Com o crescimento expressivo da violência contra as mulheres durante a pandemia, principalmente as mulheres negras, a procura pela Casa de Passagem tem aumentado e agora o Movimento busca por doações para reformar quartos, pisos e cômodos para dar conforto e segurança para mais mulheres.
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“A gente está focando na reforma dos quartos, que é onde está mais precarizado, o chão, estamos com algumas janelas quebradas também. A gente só vê os números crescendo de demanda para a Casa porque à medida que cresce a violência – e sendo a única Casa de Passagem no ABC inteiro – a gente recebe cada dia mais pedido de atendimento e precisamos correr para conseguir abrigar essas mulheres e consertar esses quartos o quanto antes”, diz Sofia Del Fiol, uma das integrantes da coordenação da Casa Carolina Maria.
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O espaço, que homenageia a escritora negra Carolina Maria de Jesus, funciona como um intermediário entre a Casa Abrigo e a Casa de Referência. Além do acolhimento, as mulheres também têm acesso a acompanhamentos semanais, atividades culturais, oficinas e suporte emocional, com ajuda de psicólogas e profissionais voluntárias.
“[A Casa] Foi fundada no meio da pandemia porque a gente viu um aumento muito grande no número de violência e vimos que as políticas públicas não batiam para sanar esses números. A Casa de Passagem é um intermediário entre a Casa Abrigo e a Casa de Referência. Uma mulher que precisa se estabelecer depois que sofre uma situação de violência precisa ficar uns 15 dias em um lugar até conseguir apoio para ir para outro lugar, muitas vezes são mulheres que têm filhos”, explica a coordenadora.
Dados da violência apontam que as mulheres negras são as que mais sofrem pela violência. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2020, duas em cada três vítimas de feminicídio foram mulheres negras, representando 61,8% das mortes. No ano passado, 230.160 mulheres denunciaram violência doméstica em 26 estados do país, o que significa que, por dia, 630 mulheres procuraram a polícia para relatar violência doméstica.
Leia também: Feminicídio: a cada três mulheres mortas no Brasil em 2020, duas eram negras
Atualmente, o Movimento também conta com três casas de referência, como a Casa Laudelina de Campos Melo e a Casa Helenira Preta I e II, que oferecem apoio jurídico, suporte psicológico e abrigo para mulheres em situação de vulnerabilidade. De acordo com a coordenadora Sofia Del Fiol, atualmente, o foco na ocupação da Casa Carolina Maria é garantir a organização do espaço e da alimentação das mulheres e crianças atendidas.
“Precisamos muito de comida (inclusive temos distribuição de cestas básicas) e produtos de limpeza, no momento o foco está sendo pra campanha de reforma dos quartos. Quanto antes conseguirmos reformar esses espaços, vamos começar o acolhimento de mais mulheres”.
Para quem tem interesse em ajudar, a Casa Carolina Maria de Jesus disponibiliza o PIX: [email protected]. Doações de alimentos, produtos de limpeza, areia, cimento, janela de vidro e demais equipamentos para o conserto de chuveiros também são bem vindas. Profissionais voluntárias podem se candidatar para ajudar. Para mais informações, acesse o perfil da Casa Carolina no Instagram e no Facebook.