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Universidade registra queixa contra tentativa de censura por livro sobre racismo no Carrefour

Obra da Universidade Zumbi dos Palmares e da Unicamp fala sobre segurança privada e o caso de Beto Freitas, assassinado em uma unidade da rede em novembro de 2020

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Fotos Públicas/Guilherme Gonçalves

grupo protesta na frente do Carrefour, frase fogo nos racista foi pichada no muro

30 de junho de 2021

O reitor da universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, registrou um boletim de ocorrência contra o Grupo Carrefour por ameaça de censura a uma pesquisa sobre o assassinato de João Alberto de Freitas, realizada pela instituição de ensino em parceria com a Unicamp.

A pesquisa científica sobre racismo e segurança privada foi feita durante quatro meses e ouviu cerca de 300 fontes, entre reportagens, entrevistas e instituições. Na noite de terça-feira (29), o estudo foi lançado com uma edição de 500 exemplares.

“O resultado da pesquisa mostra a impressão dos entrevistados e a conclusão é que houve racismo no caso Carrefour. O foco foi a segurança privada e o racismo, não se trata de uma obra sobre o Carrefour. Os dados usados foram apurados de forma lícita e correta. As informações que acompanham a pesquisa eram públicas”, explica José Vicente, em entrevista à Alma Preta Jornalismo.

Segundo o reitor, a rede ameaçou processar criminalmente e civilmente a instituição e os autores da obra, caso a pesquisa fosse lançada. “Eles ameaçaram que iriam processar e pedir reparação de danos. Por conta disso, tomamos medidas para nos precaver”, diz José Vicente.

O boletim de ocorrência foi registrado no 2º DP, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. “Agora estamos avaliando uma ação por reparação de dano moral, pois ficou essa imagem de que nós praticamos algum ato ilícito, mas o que fizemos foi uma pesquisa sobre a morte de um cidadão negro pela segurança privada, dentro do Carrefour, em Porto Alegre”, reitera o reitor da universidade.

O nome do livro lançado com 500 exemplares é ‘Caso Carrefour, Segurança Privada e Racismo: Lições e Aprendizados” e foi escrito pela professora de Antropologia da Unicamp, Susana Durão, e pelo Relações Institucionais da diretoria de Segurança Corporativa do Hospital das Clínicas de São Paulo, Josué Correia Paes.

O livro faz um contexto atual da segurança privada patrimonial, mostrando como é a formação e o treinamento dos vigilantes. Na sequência, expõe os resultados da pesquisa Segurança sem Preconceito, realizada com gestores de representação sindical e associativa do setor de segurança privada, profissionais que atuam em atividades de controle ou vigilância e negros militantes de direitos raciais.

O que diz o Carrefour

Em nota, o Grupo Carrefour negou ter censurado a obra. “Tal ação não faz parte das premissas de transparência que o Carrefour segue.”. Segundo a rede, “houve estranhamento” sobre o lançamento. “Causou estranheza ao Carrefour receber convite para o lançamento do livro poucos dias antes do evento, inclusive com documentos internos que foram publicados sem o nosso consentimento ou qualquer pedido de esclarecimento”.

A rede também disse que poderia ter contribuído com o estudo. “O Carrefour entende que teria muito para compartilhar dado todo o aprendizado dos últimos meses e lamenta que isso não tenha sido considerado. É amplamente favorável à discussão do atual modelo de segurança privada no país e sempre esteve à disposição para dialogar com diversas organizações e entidades de forma que todos possam construir juntos um novo cenário de segurança e combate ao racismo no Brasil”.

Em resposta, o reitor José Vicente explicou que o foco da pesquisa era o racismo no setor de segurança privada e a morte de João Alberto, em novembro de 2020, e não a rede. Uma segunda edição do livro, com tiragem maior, deve ser lançada nas próximas semanas.

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