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Ocupação no Centro de SP vai apoiar vítimas de violência doméstica

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27 de janeiro de 2021

Movimento de Mulheres Olga Benário ocupou prédio em desuso no centro de SP para abrigar “Casa de Referência da Mulher Laudelina de Campos Melo”. A polícia foi acionada por supostos proprietários, mas ocupação permanece e recebe o apoio popular 

Texto: Victor Lacerda e Roberta Camargo | Edição: Lenne Ferreira | Imagens: Roberta Camargo 

Mulheres vítimas de violência passam a contar, a partir desta quarta-feira (27), com a Casa de Referência da Mulher Laudelina de Campos Melo, ocupação no Centro de São Paulo. Organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, a inicativa tem como objetivo reivindicar serviços que garantam mais assistência às mulheres vítimas com o lema “Combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer e resistir!”. 

Logo após reabertura, dois homens apareceram no local com duas viaturas da polícia alegando que eles seriam donos do imóvel. Segundo vizinhos próximos, o prédio está abandonada há mais de 20 anos. Dados da Prefeitura de São Paulo, mostram que o IPTU do imóvel ocupado pelo Movimento, está sem pagamento desde 1998.

ocupação mmo IPTU

Imagem: Prefeitura de São Paulo

Além da ameaça gerada pela PM e por quem afirma ter posse do imóvel, o espaço precisa de muitas restaurações, desde a parte estrutural, como limpeza e manutenção. Isis Mustafá, de 23 anos, faz parte da ocupação explica que os atendimentos devem começar na próxima semana, e que o grande desafio agora é restaurar o local: “O nosso desafio agora é limpar, colocar energia elétrica, água encanada. A ideia é abrir pro atendimento na segunda-feira, tirar os entulhos, fazer o espaço se tornar habitável.”

OCUPAÇÃO MMO POLÍCIAOs policiais falaram sobre a abordagem com membros da equipe e apoiadores presentes na ocupação. | Imagem: Movimento de Mulheres Olga Benario – SP

A ação do Movimento de Mulheres Olga Benário teve a participação da vereadora Elaine Mineiro (PSOL), eleita na candidatura coletiva do Quilombo Periférico, em São Paulo. Para ela, a criação de espaços como este, através de ocupações é de suma importância, principalmente pelo local em que a casa está instalada – entre o centro da cidade e a periferia da zona norte da capital. “A gente tá no processo de sucateamento dos espaços de acolhimento contra a violência há algum tempo e essas organizações fazem um trabalho importante de apoio às mulheres”.

O contexto da ocupação

Atualmente, com pouco mais de 12 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo possui apenas quatro Centros de Referência, uma Casa Abrigo, uma Casa de Acolhimento Provisório e uma Casa da Mulher Brasileira, o que sugere um atendimento desfalcado para atender toda a demanda de violência contra mulher no Estado.

Segundo carta aberta escrita pelo Movimento, a ação de ocupar um espaço em um ponto central da capital paulista também funcionará como resposta às implicações da política de ataque da gestão do atual presidente da república, Jair Bolsonaro, contra as mulheres trabalhadoras do país e seus direitos. 

OCUPAÇÃO MMO imóvelSegundo moradores próximos, o local está abandonado há mais de 20 anos, os sinais de abandono estão por toda parte. | Imagem: Roberta Camargo

Como símbolo da luta negra, a homenageada e que carrega o título da casa é a ativista e primeira mulher a fundar um sindicato de direitos das trabalhadoras domésticas. Laudelina de Campos Melo. Falecida em 1991, aos 86 anos, a militante integrou a Frente Negra Brasileira (FNB) e batalhou pouco tempo depois do ano em que ocorreu a abolição da escravatura no país. 

A organização denuncia a retirada de R$3,5 milhões dos serviços de atendimento à mulheres, dita, em carta, realizada pelo atual governador, João Dória. A ação foi informada aos centros de proteção às mulheres como uma iniciativa de “enxugar” os repasses de verbas. O corte vai de encontro com os dados levantados pelo Mapa da Desigualdade de 2020, realizado pela Rede Nossa São Paulo e pelo Programa Cidades Sustentáveis, que revela: , entre os anos de 2016 e 2019, a violência de gênero cresceu 64% e o feminicídio 72%.

Acolhida na prática

A participação da moradora, além do espaço seguro para sair do convívio constante com ameaças de violência, pode ser feita com ajuda para organizar a nova Casa do Movimento de Mulheres. O convite foi feito depois da apresentação realizada para Paula, que confirmou que irá voltar e contar sobre o espaço para outras mulheres da região.

ocupação mmo finalImagem: Roberta Camargo

Além do pedido de mantimentos, que podem ser entregues na ocupação, uma conta foi aberta para cobrir financeiramente este ato de protesto. O desenrolar da ação pode ser acompanhado também via redes sociais, através do @movimentoolga.sp. 

Dados para contribuição: 

Rafaela Carvalho
Caixa
Operação 013
Conta Poupança: 00032381-1

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