A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) fechou contrato para o aluguel de 70 veículos com a empresa Kinto, da marca Toyota, com valor que chega a quase R$ 4 milhões por ano. Conforme consta no Diário Oficial da Casa Legislativa, o contrato é voltado para “contratação de empresa especializada na prestação de serviço de locação de até 70 veículos com manutenção, licenciamento por conta da contratada, quilometragem livre, excluído motorista e combustível”. O valor do aluguel, por cada carro, é de R$ 4,75 mil e a duração do contrato é de dois anos. Pelo período, os gastos totalizam R$ 7,98 milhões.
O alto custo gerou revolta diante da pandemia da Covid-19 e do desemprego. Nas redes sociais, internautas criticaram o uso do dinheiro público para o contrato e defenderam que os parlamentares usem transporte público. “Os transportes públicos decadentes, sem manutenção, fora assaltos, eles deveriam usar transporte público só assim iria melhorar a qualidade do serviço”, disse um internauta.
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À Alma Preta, o deputado Hilton Coelho, do PSOL, informou que faz o deslocamento dele com carro de uso próprio, que o seu mandato tem como prática a devolução de auxílios concedidos a parlamentares, como auxílio moradia e paletó, e também se disse contrário como a Casa faz a gestão do orçamento. No entanto, informou que o procedimento está dentro dos padrões, levando em consideração a logística de deslocamento e valores feita nos demais poderes. Além disso, o parlamentar também defendeu uma maior transparência da ALBA em relação aos gastos públicos.
“Mais uma vez a forma como o orçamento da Alba é gestado – sem discussão democrática e participação de servidores e sociedade civil – gera desconfiança em relação aos gastos a serem efetivados pela Casa. No caso em questão, os milhões destinados à locação de automóveis para os gabinetes e administração da Assembleia Legislativa […] Ainda que não se apresentem ilicitudes na proposta de locação dos automóveis, somos contrários a este método de decisão que só gera desconfiança e perda de legitimidade do parlamento baiano. A sociedade quer transparência e esta só virá a partir de uma atitude ousadamente democrática de garantia da participação direta da população nas decisões da ALBA”, completou o parlamentar.
A deputada Olívia Santana (PCdoB) também se mostrou contrária aos gastos da Casa para o aluguel dos carros e pontuou que é preciso que os parlamentares adotem medidas econômicas efetivas em relação aos gastos públicos.
“Nós temos que prezar pela economicidade, principalmente em um momento desse de pandemia, de desemprego, de fome, de miséria. Não tem sentido um gasto astronômico desse. Aliás, eu acho que em qualquer tempo, seja com pandemia ou sem pandemia, nós – que temos o dever de representar a população – devemos também zelar pela economicidade, zelar para que não haja grandes gastos públicos porque é preciso cuidar do dinheiro público para que esse dinheiro seja investido em coisas que realmente façam a diferença positiva na vida da população”.
No contrato, da Edição 23.207, publicado no sábado (7), não há detalhes sobre o modelo do veículo, nem se eles serão novos ou seminovos. Também não há informações sobre os valores detalhados do aluguel dos veículos. A Kinto foi lançada no Brasil em agosto do ano passado, voltada para a prestação de serviços de mobilidade. De acordo com informações do portal da ALBA, a empresa Kinto Brasil foi declarada vencedora da licitação no dia 19 de julho.
No site da empresa, a Kinto informa que os veículos podem ser reservados por dias ou horas e que os carros podem ser retirados nas concessionárias ou podem ser levados ao responsável pelo aluguel.
A Alma Preta procurou a ALBA para saber detalhes sobre o processo licitatório e se os veículos serão distribuídos para os 63 parlamentares. No entanto, não obtivemos retorno até o fechamento da matéria.
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