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Caso Kathlen Romeu: manifesto exige retratação da polícia e memorial

Um ano após a morte da jovem grávida, documento organizado por familiares e amigos pede julgamento justo dos PMs autores dos disparos que a vitimaram

Imagem: Reprodução / Redes sociais

Foto: Imagem: Reprodução / Redes sociais

15 de junho de 2022

Morta com um tiro de fuzil no peito no complexo de favelas do Lins, na zona Norte do Rio de Janeiro, a design de interiores Kathlen Romeu deveria ser homenageada em um memorial, segundo as exigências de um manifesto assinados por amigos, familiares e diversas entidades e defesa dos direitos humanos e contra a violência do Estado. O assassinato, que completou um ano no início deste mês, aconteceu quando a jovem de 24 anos visitava a avó.

O manifesto reinvindica uma retratação pública do Comando Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro pela versão divulgada pelo Estado dando conta que os “policiais faziam patrulhamento no local, foram recebidos a tiros e revidaram”.

A Federação de Favelas (FAFERJ), o LabJaca, as Brigadas Populares, a Ouvidoria da Defensoria Pública, a Comissão de Direitos Humanos da OAB – RJ, ONG Meu Rio e as Associações de Moradores do Barro Preto/Vila Cabuçu e Barro Vermelho do Complexo do Lins fizeram um protesto no último final de semana para lançar o manifesto e relembrar que o assassinato de Kathlen Romeu ainda segue sem solução.

O texto também diz que a versão de confronto com traficantes, apresentada pelo governo, foi desmentida por laudos da Polícia Civil e pela investigação do Ministério Público.

“Nós, familiares, amigos e todo o Complexo do Lins, não tivemos tempo de ter medo ou de cumprir nosso luto, pois tivemos que desmentir os cavaleiros do apocalipse que transformaram a PMERJ em uma máquina que atira em qualquer um que seja negro e esteja numa favela. Depois que matam, sujam a imagem dos que morreram e inventam as histórias de confronto como se justificasse tudo”, diz um trecho do texto.

Além da retratação, o manifesto exige a acusação e julgamento justo por homicídio para os policiais, além aa adoção de câmeras digitais de filmagem nos uniformes de PMs, a exemplo do que acontece em outros estados brasileiros.

 

Outro ponto central do protesto é a aprovação do projeto de lei 4631/2021, em tramitação na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), batizado de PL Kathlen Romeu, que prevê a proibição das operações “Troias” – quando policiais entram escondidos nas comunidades e atiram em suspeitos com a justificativa de Guerra às Drogas.

Familiares e amigos de Kathlen Romeu exigem proteção do Estado contra possíveis ameaças e retaliações para desmobilizar as ações e projetos que pedem justiça para o caso. A jovem, que estava grávida, foi morta por volta do meio-dia em 8 de junho de 2021. Segundo testemunhas, tinham vários idosos e crianças nas ruas quando os policiais começaram a atirar.

“É uma maneira de deixar claro que não vamos desistir de lutar por ela, por todos os jovens negros que são assassinados a cada 23 minutos no Brasil, por todas as 20 grávidas e crianças que foram assassinadas em operações policiais no Rio de Janeiro nos últimos anos. Não vamos desistir de lutar pela nossa vida”, disse Mariana de Paula, amiga de Kathlen.

O governo do Estado do Rio de Janeiro foi questionado pela reportagem sobre as medidas adotadas em relação ao caso Kathlen Romeu e sobre a retratação das informações divulgadas sobre o crime pela Polícia Militar, mas até o momento as perguntas não foram respondidas.

Leia também: Caso Kathlen Romeu: família cobra mais transparência nas investigações

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