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Caso Marielle: 1.000 dias após o assassinato, o que as investigações descobriram até agora?

8 de dezembro de 2020

Neste dia 8 de dezembro, a execução da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes completa 1.000 dias e ainda é cercada pela falta de respostas sobre o mandante do crime; confira a linha do tempo do caso

Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Anistia Brasil

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O assassinato brutal da vereadora Marielle Franco completa 1.000 dias neste 8 de dezembro. A parlamentar foi a quinta mais votada do Rio de Janeiro em 2016 e sua morte é lembrada sobretudo como um atentado à democracia.

Pouco antes das 22h de 14 de março de 2018, o veículo em que Marielle estava com o motorista Anderson Pedro Gomes foi alvejado por tiros. A vereadora foi atingida por pelo menos quatro tiros na cabeça e Anderson por três nas costas.

Inicialmente, o crime começou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios como execução, já que os autores do crime agiram e fugiram sem levar nada. A perícia encontrou nove cápsulas espalhadas pelo local, fato que foi importante para o desenrolar de toda a investigação que ainda segue sem respostas sobre o mandante do crime.

Desde o início das investigações, que buscam as respostas para o crime e possíveis obstruções no processo de apuração do mesmo, 66 pessoas foram presas. A Alma Preta fez uma linha do tempo com os principais avanços das investigações que já duram 32 meses.

Setembro de 2018: O Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio de Janeiro identificou a ação do grupo de assassinos de aluguel da Zona Oeste do Rio de Janeiro, conhecido como “Escritório do Crime”.

Janeiro de 2019: A partir disso, a investigação chegou a nomes como o do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, que era suspeito como um dos responsáveis pela união entre o comando da milícia do Rio de Janeiro e o grupo de extermínio identificado no ano anterior.

Março de 2019: O PM Ronnie Lessa é denunciado pelo Ministério Público como um dos autores do crime. O sargento reformado é conhecido pela experiência e eficiência com gatilhos e frieza em suas ações. Segundo a acusação, o carro em que estava Ronnie Lessa era dirigido pelo ex-PM Elcio Vieira de Queiroz. Os dois tiveram prisão preventiva decretada pelo juiz-substituto do 4º Tribunal do Júri, Gustavo Kalil, e cumprem pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.

Novembro de 2019: Reconhecido como chefe do Escritório do Crime, que teria envolvimento com a execução da vereadora, Adriano da Nóbrega disse em depoimento não se lembrar de onde estava na noite do crime. Além disso, Nóbrega também fazia parte da chefia do grupo da milícia na comunidade de Rio das Pedras.

Fevereiro de 2020: Adriano da Nóbrega foi morto em uma ação policial em Esplanada, na Bahia, enquanto era investigado pela Superintendência de Inteligência do estado. A partir das investigações e do acesso a um aparelho móvel do ex-PM, descobriu-se que seu nome estava ligado ao já conhecido e protagonizado pela família Bolsonaro, esquema de rachadinhas. Nóbrega empregou familiares no gabinete de Flávio Bolsonaro na época em que o esquema de corrupção estava ativo.

Junho de 2020: O bombeiro Maxwell Simões, conhecido como Suel, foi preso suspeito de ajudar a ocultar as armas que teriam sido usadas por Ronnie Lessa no dia do crime e escondidas em sua propriedade no Rio de Janeiro. O fato foi investigado na operação da Polícia Civil chamada de “Operação Submersos”.

Agosto de 2020: O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decide manter a determinação para que o Google permita o acesso aos dados de usuários que podem trazer respostas importantes para a investigação do caso, quando o autor do disparo e o motorista que dirigia o carro já estão presos preventivamente, mas ainda não há resposta sobre quem foi o mandante do crime. Os investigadores pretendem acessar os históricos de pesquisas realizadas com algumas expressões dias antes do assassinato.

Dezembro de 2020: A polícia e o Ministério Público chegaram ao nome de Eduardo Almeida Nunes de Siqueira, apontando o morador da comunidade de Muzema, comandada pela milícia carioca, como autor da clonagem de um veículo do mesmo modelo usado na noite do crime, um Cobalt. Eduardo Almeida é defendido pelo mesmo advogado do já investigado Ronnie Lessa, Bruno Castro.

São quase três anos desde que o assassinato aconteceu no Rio de Janeiro e muitos fios soltos. As três investigações, que apuram os autores do crime, mandantes e a transparência dos agentes envolvidos na busca por respostas se mantêm ativas, assim como a constante lembrança e esperança por justiça em nome de Marielle Franco.

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