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Caso Marielle: julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz repercute na imprensa internacional

A audiência foi retomada nesta quinta-feira (31) no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro
Pessoas participam de protesto em frente ao Tribunal de Justiça, onde os assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes estão sendo julgados.

Foto: Mauro Pimentel / AFP

31 de outubro de 2024

O julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018, repercutiu na imprensa internacional nessa quarta-feira (30).

A audiência foi iniciada com os depoimentos de nove testemunhas e dos dois réus e foi retomada nesta quinta-feira (31), no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Os ex-militares serão julgados por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado e pela receptação do veículo utilizado para o assassinato.

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A demora na solução do crime, a importância do julgamento e os testemunhos apurados foram alguns dos temas abordados por sites dos principais jornais em países como Argentina, Reino Unido e Estados Unidos.

Entre os destaques está o jornal argentino “La Nación“, que enfatizou a fala da ex-assessora de imprensa da vereadora, a jornalista Fernanda Chaves em seu título: “ouvi um suspiro de dor”, disse a sobrevivente do ataque a Marielle Franco.

O artigo, retirado da agência internacional de notícias AFP, descreve o relato de Chaves e ressalta que a ex-assessora de imprensa deixou o Brasil por questões de segurança e passou três meses em Madri com o marido e a filha, na época com seis anos.

O britânico “The Guardian” destacou na manchete que o Tribunal do Rio deve anunciar “medida tardia de justiça para Marielle Franco”. O artigo assinado pelo correspondente brasileiro Tiago Rogero relatou o caso a partir do ponto de vista de Luyara Franco, filha de Marielle, que frisa: “aquela longa noite ainda não acabou”, destaca o jornalista. 

A matéria ainda reforça que a ativista era “uma estrela política em ascensão e uma crítica ferrenha da violência policial e da corrupção” e ressalta que “o crime foi um dos assassinatos mais chocantes e notórios da história do Rio”.

The Washington Post” também noticiou o início do julgamento da ativista que “se tornou um grande ícone da esquerda política brasileira”. A matéria, original da agência de notícias Associated Press (AP), ainda pontua que, “o trabalho da vereadora ia contra os interesses das gangues, conhecidas como milícias”. 

A “ABC News“, uma das maiores redes de televisão dos EUA, também apresentou o mesmo artigo com o destaque de que “o assassinato foi visto no Brasil como um ataque à democracia”.

O artigo também frisou como o crime contra Marielle “desencadeou protestos em massa por todo o país” , apresentando falas dos familiares presentes no ato realizado na manhã do primeiro dia de julgamento e detalhes sobre a audiência.

O jornal espanhol “El País” trouxe fortes relatos das testemunhas e réus confessos sobre o “crime político”. Entre eles, da esposa de Marielle, a arquiteta Mônica Benício. 

Segundo a publicação, Mônica não conseguiu conter as lágrimas em diversas ocasiões e enfatizou as razões pelas quais é crucial que o Brasil faça justiça. “É importante para a democracia e para que as Marielles possam existir com segurança em todo o seu potencial e os Andersons possam voltar para casa depois de um dia de trabalho decente”, descreve a reportagem. 

Brasil é o segundo país no ranking de ativistas e ambientalistas mortos

A “Anistia Internacional” também se pronunciou sobre o caso, que deve ter um desfecho nesta quinta-feira (31). Para a organização, o julgamento dos autores é um passo importante, embora ainda haja um longo caminho até a justiça plena.

O órgão também reitera que é dever do Estado brasileiro garantir justiça e reparação às famílias e tomar medidas para evitar que situações como essa voltem a acontecer. “O Brasil continua sendo um dos lugares mais perigosos para defensores de direitos humanos”, frisa a entidade. 

Segundo o relatório da Global Witness, em 2023, o país ficou em 2º lugar no número de ativistas e ambientalistas mortos, com 25 mortes. Entre 2012 e 2023, 401 defensores de direitos humanos foram assassinados no país, aponta o artigo.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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