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Cerca de 60% dos quilombolas ainda não completaram o ciclo vacinal

De acordo com a segunda edição do Vacinômetro Quilombola, há uma discrepância em relação à população indígena, que também é classificada como grupo prioritário no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e tem cerca de 81% do esquema vacinal completo

Texto: Redação | Imagem: Reprodução

 

Comunidade quilombola

8 de outubro de 2021

Dados gerais da campanha de vacinação da Covid-19 apontam resultado positivo e avanço em todo o país, porém, entre as comunidades quilombolas, incluídas entre os grupos prioritários, os índices seguem abaixo da média nacional de 45,2%. De acordo com a segunda edição do Vacinômetro Quilombola, cerca de 60,4% da população quilombola ainda não receberam a segunda dose da vacina. Dos 1.184.383 quilombolas, apenas 469.972 completaram o ciclo vacinal, o que representa 39,6% do total. 

O levantamento foi lançado no último mês pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq) apoiada pelas entidades Terra de Direitos e Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam). Esse mapeamento inclui 565 quilombos de 24 estados, com um total de 200 mil quilombolas, e será incluído em uma ação que já tramita no STF para tratar do assunto.

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“Estamos longe de sermos imunizados. Todos esses problemas criam gargalos. Quilombolas estão morrendo por não estarem vacinados”, afirma Kátia Penha, gestora de monitoramento de vacinação da Covid-19 pela Conaq. “Corremos o sério risco de terminar a campanha com quilombolas que não foram imunizados. Idosos acamados que não conseguiram se imunizar. Está muito longe [o momento] de as comunidades serem totalmente vacinadas”, pondera.

Em comparação, o levantamento mostra que há desnível dos quilombolas em relação à população indígena, que também é classificada como grupo prioritário no Programa Nacional de Imunizações (PNI), no qual cerca de 81%  já tem o esquema vacinal completo. 

Na última semana, o país atingiu a marca de 45,25% de toda a população brasileira completamente imunizada. Quando concentrada na população que possui mais de 18 anos, o índice nacional geral ultrapassa 60%. De acordo com o Ministério da Saúde, são mais de 95 milhões de brasileiros adultos com as duas doses da vacina ou com o imunizante de dose única, produzido pela Jansen. 

“Temos relatos de problemas diversos, ligados à organização nos municípios. Chegou ao extremo de doses destinadas ao povo quilombola acabarem em uso na população geral”, destaca a gestora. 

O monitoramento realizado pela plataforma LocalizaSUS, baseado na prestação de contas acerca da vacinação em todo país, identifica que a vacinação de quilombolas realmente segue em ritmo descompassado. Os dados foram coletados pelo Plano de Enfrentamento à Covid-19 produzido e atualizado pela Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SNPIR). 

Leia também: Mais de 15 mil quilombolas ainda não foram vacinados no país

Desafios

A representante da área de monitoramento da Covid-19 da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Kátia Penha, explica que essa essência de atraso no ciclo vacinal se dá principalmente nos municípios. 

Segundo a gestora, os maiores problemas se relacionam à falta de doses, dificuldades de transporte, exigência de comprovação de pertencimento à comunidade quilombola. Outro problema é que no Brasil não existem dados oficiais sobre a população quilombola. A categoria seria incluída pela primeira vez no Censo 2020, adiado por conta da pandemia. 

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