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Cerca de 80% dos resgatados em trabalho escravo em 2021 são negros

Órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Previdência fez inspeções em todos os estados e Distrito Federal e libertou quase 2 mil pessoas no ano passado

A imagem mostra dois homens em segundo plano que estão em trabalho em trabalho escravo. Em primeiro plano estão, no varal, duas carnes de sol

Foto: Divulgação

28 de janeiro de 2022

Em 2021, auditores-fiscais do trabalho resgataram 1.937 trabalhadores, em todo o país, que eram explorados em condições de escravidão contemporânea. Cerca de 80% deles eram negros. Os dados são da Inspeção do Trabalho, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e da Previdência.

Segundo a pasta, foram realizadas 443 ações fiscais de combate ao trabalho escravo em todas as unidades da federação, maior número de fiscalizações desde o início da política pública.

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O perfil social dos resgatados nas operações mostra que 90% eram homens; 47% nasceram na região Nordeste e 80% se autodeclararam negros. O número é muito maior do que os que se autodeclararam brancos (17%) ou indígenas (3%). Em se tratando do nível de escolaridade, 21% declararam possuir até o 5º ano incompleto, 19% haviam cursado do 6º ao 9º ano incompletos. Do total, 6% dos trabalhadores resgatados em 2021 eram analfabetos.

Em 2021, foram resgatados 73 migrantes em condições escravas no país. A Lei de Migração prevê autorização de residência para vítimas de trabalhos escravos no país.

A maior parte desses indivíduos que estavam sendo mantidos sob um regime escravo trabalham no meio rural (78%), enquanto 11% viviam em ambiente urbano. Em 2021, 27 pessoas resgatadas estavam sendo vítimas de trabalho escravo doméstico.

As atividades econômicas que mais tiveram incidência de atividades escravagistas foram o cultivo de café, com 310 resgatados; de alho, com 215 e a produção de carvão vegetal, com 173 pessoas. Em seguida estão a preparação de terreno, com 151; o cultivo da cana-de-açucar, com 142 pessoas e a criação de bovinos para corte, com 106.

De acordo com a Inspeção do Trabalho, essa foi a primeira vez que houve ações fiscais em todos os estados e no Distrito Federal em um mesmo exercício. Os estados que se destacam em número de ações e pessoas resgatadas são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Nenhuma pessoa foi libertada nos estados do Acre, Amapá, Paraíba e Rondônia.

A pasta informou ainda que os trabalhadores resgatados receberam mais de R$ 10 milhões de verbas salariais e rescisórias. Também foi promovida a formalização de 1.308 contratos de trabalho. Desde 1995 são mais de 57 mil trabalhadores e trabalhadoras resgatados e mais de 122 milhões de reais recebidos durante as operações.

Também participam de ações fiscais a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Federal (PF), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU), entre outros órgãos.

Leia também: Mais de 160 milhões de pessoas são empurradas para a pobreza durante a pandemia

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