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Chacina no Guarujá (SP): polícia mata ao menos 10 pessoas no litoral

Operação ocorreu em resposta à morte de um policial da Rota no dia 27 de julho; moradores falam de comunidades sitiadas por policiais

Texto: Pedro Borges I Imagem: Reprodução

Imagem mostra policiais segurando arma e prendendo homem.

Foto: Foto: Reprodução/Outras Palavras

31 de julho de 2023

Uma operação da Polícia Militar de São Paulo deixou ao menos 10 mortos em Guarujá, litoral de São Paulo. As execuções são uma resposta à morte de um soldado da Rota, tropa de elite da polícia paulistana, no dia 27 de julho.

As informações confirmam a morte de 10 pessoas na região, a maioria no bairro Vila Baiana, com a possibilidade do número chegar a 12 vidas perdidas, de acordo com a Ouvidoria das Polícias de São Paulo. Claudinho Silva, ouvidor das polícias de SP, sinalizou para a existência de uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) na segunda-feira (31), às 10h, para tratar do assunto e definir uma data para visitar a cidade do Guarujá.

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“A Ouvidoria, logo que tomou conhecimento das denúncias que chegavam de familiares de vítimas e de moradores das comunidades do Guarujá, acionou a Defensoria Pública, que já estava ciente de algumas questões, acionou também o Ministério dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos da OAB e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), o deputado Eduardo Suplicy”, explicou.

De acordo com moradores, cerca de 20 viaturas da polícia e helicóptero da corporação cercaram o território de comunidades da cidade do Guarujá desde a quinta-feira (27). Os moradores ainda contam que policiais andam com capuz nos rostos e as pessoas dos bairros estão intimidadas e evitam sair de casa para atividades cotidianas, como comprar pão.

Os policiais Patrick Reis e o cabo Martin participavam de operação militar de combate ao tráfico na região, quando Reis foi atingido na axila e Martin, na mão esquerda. Patrick Reis não resistiu aos ferimentos e faleceu. Desde então, a chamada Operação Escudo, para identificar os criminosos, foi desencadeada para encontrar os envolvidos no caso.

Em grupos de WhatsApp, foram repassados recados de que a polícia, em represalia à morte de Patrick Reis, mataria ao menos 30 pessoas na Vila Baiana e outras 30 nas comunidades da região. Os policiais assassinaram pessoas com passagens pela polícia e com tatuagens.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública “esclarece que a Operação Impacto-Guarujá acontece no litoral de São Paulo desde 23 de junho, em decorrência dos altos índices de criminalidade naquela região. Desde o começo da operação, a polícia tem enfrentado grande resistência dos criminosos. Na quinta-feira, um deles vitimou um policial da Rota que patrulhava uma comunidade. Após a morte do policial, a PM e a Polícia Civil desencadearam a Operação Escudo, para identificar, localizar e prender os envolvidos no assassinato do policial”.

A Secretaria não sinaliza para a morte de 10 pessoas em represália à morte do policial e destaca os presos na operação. “Os quatro envolvidos no crime já foram identificados. Dois foram presos, um morreu ao entrar em confronto com a polícia e o autor do tiro está foragido. Vale ressaltar, também, que desde sexta-feira, mais de 10 pessoas foram presas em flagrante tráfico de drogas e dezenas de quilos de entorpecentes foram apreendidos”.

Douglas Belchior, ativista da Uneafro que acompanhou o enterro de uma das vítimas, demonstrou repúdio à ação da Polícia Militar e à política de Segurança Pública de Tarcísio de Freitas, governador do estado.

“São pistoleiros, assassinos autorizados pelo alto comando da polícia nos estados. Além de identificar e punir os monstros que promovem assassinatos e terror indiscriminado nas comunidades, é precisão responsabilizar o comando, a hierarquia militar e também o comandante em chefe das armas no estado de SP, que é o governador Tarcísio!”, avalia.

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