A biomédica Jaqueline Goes de Jesus, professora da Universidade de São Paulo (USP), foi anunciada como uma das vencedoras da 18ª edição do programa “Para Mulheres na Ciência”. A premiação aconteceu na segunda-feira (4) na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.
O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) em parceria com o Grupo L’Oréal e a Unesco no Brasil, procura impulsionar o equilíbrio de gênero e incentivar a participação feminina na área científica. As vencedoras recebem uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil para apoiar suas pesquisas.
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Premiado na categoria Ciências da Vida, o projeto da biomédica se concentra na análise da transmissão de patógenos (microrganismos que causam doenças), especialmente arboviroses, entre Angola e Brasil, utilizando dados genéticos e epidemiológicos. Sua pesquisa já identificou a introdução de linhagens dos vírus CHIKV e Zika através dessa rota, ressaltando a relevância de compreender e antecipar a propagação de doenças.
O projeto busca desenvolver um protocolo inovador para identificar patógenos transportados e avaliar seu potencial de desencadear surtos. O objetivo é contribuir para a formulação de políticas públicas de transporte, de modo a otimizar a prevenção e resposta a surtos de doenças emergentes.
Além da iniciativa, outras seis pesquisas foram premiadas nas áreas de Ciências Físicas, Ciências Químicas e Ciências Matemáticas. Os temas vão desde os impactos nocivos de uma alimentação rica em gorduras e açúcares na infância até a poluição por plásticos em organismos de ambientes aquáticos, como mexilhões, ouriços e peixes. As categorias são julgadas por membros da ABC.
Cientista já mapeou genoma do coronavírus
Essa não é a primeira vez que um projeto de Jaqueline se destaca. Em março de 2020, a cientista brasileira coordenou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. A média global para o mesmo mapeamento foi de 15 dias.
Um marco para a saúde pública do país, a sequenciação permitiu diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China. O feito também auxiliou nos estudos internacionais para o desenvolvimento de vacinas contra a doença.
Em nota à imprensa, Jaqueline destacou a importância de ocupar espaços e contribuir para a mudança de mentalidade das próximas gerações.
“Quero abrir caminhos para outras meninas e mulheres, em especial aquelas que fazem parte de minorias raciais dentro do ambiente acadêmico. Espero ser um trampolim para que essas mulheres também se tornem grandes cientistas!”, celebrou.