A necessidade de discutir a questão racial e a presença de profissionais negros dentro das empresas de comunicação levou três mulheres negras a se destacarem em eventos de relações públicas no Brasil.
Luana Protazio, Mariana Moraes e Pryscila Galvão criaram o coletivo RPretas com o objetivo de romper com os estereótipos construídos pela mídia tradicional.
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Entre as ações do coletivo, estão o mapeamento de profissionais negros de relações públicas de todo o país e a produção de conteúdo voltado para estudantes negros. A ideia é que os futuros comunicadores encontrem referências para se sentirem representados no mercado.
O profissional de relações públicas é responsável por fazer a conexão entre as empresas e seus diversos públicos. De acordo com Mariana Moraes, esse profissional precisa estar atento à diversidade que compõe a sociedade, como as diferenças culturais e socioeconômicas.
Mariana destaca que a área de relações públicas é majoritariamente branca e elitizada. Segundo a comunicadora, as empresas geralmente buscam por profissionais que correspondam aos padrões impostos pela mídia.
“O problema é que isso faz com que sejam realizadas campanhas publicitárias carregadas de estereótipos, pois nas equipes não existem pessoas para pensar no público negro e periférico”, explica.
Do interior paulista para um dos maiores eventos de relações de comunicação do país
Luana Protazio, Mariana Moraes e Pryscila Galvão costumavam participar da área de comunicação de eventos voltados para a comunidade negra e periférica em Bauru, no interior de São Paulo.
Um deles é a “Semana do Hip Hop”, que faz parte do calendário anual de atividades culturais da cidade. A experiência nos bastidores de iniciativas culturais que tinham como público alvo pessoas semelhantes ao trio impulsionou a criação do coletivo “RPretas”.
Mariana Moraes lembra que no período em que o coletivo estava sendo estruturado houve a divulgação da programação de um evento na área de relações públicas com o tema diversidade e todos os participantes anunciados eram brancos.
O coletivo decidiu fazer um levantamento para descobrir se a ausência de profissionais negros na programação decorria da falta de pessoas negras disponíveis no mercado para falar sobre o assunto.
“Fizemos uma postagem no Twitter para que os profissionais negros da área se manifestassem. Em um único dia, reunimos mais de 40 nomes e a partir daí passamos a mapear os relações públicas negros no país”, relata.
Em julho deste ano, o coletivo “RPretas” participou da 5ª edição da “RP Week”, na cidade de São Paulo. No evento, que é um dos maiores encontros de comunicação do país, Luana Protazio, Mariana Moraes e Pryscila Galvão falaram sobre a construção de novas narrativas para a população negra e periférica por meio da representatividade desses segmentos da população dentro das empresas.
“Nossa participação em eventos como esse é sempre positiva porque conseguimos falar tudo o que acreditamos ter importância. Nesses espaços, as pessoas que participam ouvem o que temos a dizer e isso é algo bom”, avalia Mariana.
“Para falar com o nosso público-alvo, realizamos eventos com parceiros de militância cultural em Bauru, coberturas de iniciativas voltadas para a cultura hip hop e também rodas de conversa e debates”, finaliza.