Texto: Solon Neto / Fotos: Coletivo Negrada / Edição de Imagens: Solon Neto
Estudantes negros, cotistas e apoiadores da causa mantêm ocupação desde o último dia 04/12
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Pela segunda vez em 2015, a reitoria da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), na capital do estado, Vitória, foi ocupada por estudantes devido ao não pagamento de auxílios de permanência estudantil. A organização de estudantes negros reivindica o pagamento de bolsas atrasadas. Entre os manifestantes está o Coletivo Negrada, organização de estudantes, negr@s, indígenas e cotistas.
Em reunião na última sexta-feira (04/12), a Universidade se manifestou através de seu Departamento de Finanças, alegando falta de repasse do Governo Federal, história que mudou em nota divulgada nesta segunda-feira (07/12). Os trabalhadores terceirizados também protestam contra salários atrasados e reforçam o clima de tensão dentro da universidade federal. Na semana passada, os serviços de limpeza realizados pelos trabalhadores terceirizados chegaram a ser paralisados. Em resposta, os trabalhadores realizaram um ato.
No ritmo da austeridade recente, a educação tem sido um dos alvos mais afetados. Foram bilhões de reais em cortes orçamentários sob o pretexto de equilibrar as contas do país. Quem carrega o fardo são as e os estudantes bolsistas, repasses a institutos e universidades federais e financiamentos de estudos em instituições privadas.
Em nota controversa, UFES culpa estudantes pelo atraso
Em reunião com a administração na última sexta-feira (04/12), segundo os estudantes, a falta de repasses de verbas federais foi apontada como causa dos atrasos de pagamento, que seriam efetuados no dia do encontro. Os manifestantes alegam que nada foi feito, o que justifica a ocupação.
No entanto a nota divulgada no último dia 07/12 pela administração da universidade culpa a ocupação estudantil pelo contínuo atraso nos pagamentos. Na carta o reitor Reinaldo Centoducatte, afirma: “o movimento atinge não somente a Administração ou os estudantes bolsistas, mas toda a comunidade universitária. Estamos em condições de regularizar os repasses das bolsas e pagamentos, no entanto, o não funcionamento do Departamento de Contabilidade e Finanças (DCF) prejudica as operações financeiras da Universidade”. A nota continua em tom de responsabilização dos estudantes, que segundo a reitoria, estariam obstruindo o direito dos demais. Para a reitoria, a ocupação foi um ato político, e a saída dos estudantes levará à normalização das atividades e pagamento de bolsas.
Veja a nota completa divulgada pela reitoria da universidade.
O manifesto da ocupação do estudantes aponta insatisfação e um histórico de recorrência nas irregularidades da administração: “Desde de o inicio do ano, passamos por diversas mobilizações, atos, greves de bolsistas e ocupações de reitoria, lutando contra os ajustes, que em nossa vida cotidiana na UFES são sentidos pelo atraso recorrente das bolsas, falta de ônibus para os encontros, atraso nos salários dos/as trabalhadores/as terceirizados/as, abuso da vigilância patrimonial, falta de iluminação e ambientes seguros nos campi, além da constante criminalização dos espaços de vivência promovidos pelos estudantes dentro da universidade.”
Você pode conferir as 12 exigências da pauta dos estudantes aqui.
Reintegração de posse
Segundo fontes estudantis, a reitoria está com um pedido de reintegração de posse em mãos, e a qualquer momento pode deflagrar a tentativa de desocupação forçada do prédio. Os estudantes farão assembleia ainda hoje para discutir novas ações.