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Comandante da PM de Pernambuco é exonerado após violenta ação policial

Após pressão dos movimentos sociais e da sociedade civil, governo do estado anunciou exoneração do coronel Vanildo Maranhão; “Quem deu a ordem?” é a pergunta que segue sem resposta

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Reprodução/ PM-PE

O coronel exonerado foi substituído pelo ex-diretor de Planejamento Operacional da instituição, José Roberto Santana

3 de junho de 2021

A operação desastrosa da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) no último sábado (29), durante ato Fora Bolsonaro, no Recife, resultou na exoneração do coronel Vanildo Maranhão. O anúncio feito pelo governador do Estado, Paulo Câmara, não cessou as reivindicações dos movimentos sociais que continuam perguntando “Quem deu a ordem?”. Os questionamentos sobre o autor do comando que provocou agressões e a perda de visão de duas pessoas engrossam o caldo das denúncias que expõem outras ações truculentas e arbitrárias protagonizadas pela polícia pernambucana.

O coronel exonerado foi substituído pelo ex-diretor de Planejamento Operacional da instituição, José Roberto Santana. Já o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, permanece no cargo. As investigações continuam por parte da Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social e pela Polícia Civil, no comando dos delegados Breno Maia e Kelly Luna. Imagens filmadas por manifestantes presentes no ato mostram o momento em que manifestantes e transeuntes foram surpreendidos por balas de borracha, spray de pimenta, gás lacrimogêneo e até prisões em ato “#ForaBolsonaro” no último sábado, 29.

Reunidas na manhã desta quinta-feira (3), entidades como o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), a Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Pernambuco (MST-PE) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) falaram sobre a necessidade de punição dos culpados pela forte repressão durante o ato. Quatro dias antes do protesto na capital, a mesma polícia protagonizou cenas de  violência durante ação de despejo de mais de 200 famílias no Acampamento Bondade, no município de Amaraji, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. 

Leia também: Ato em Pernambuco denuncia despejo de 200 famílias de acampamento sem-terra

As entidades ainda lembram do ocorrido em março, quando a professora Erika Suruagy, à época presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), virou alvo de investigação da Polícia Federal por participar da confecção de um outdoor com críticas ao governo Bolsonaro. A professora e outras lideranças estiveram reunidos para refletir sobre a atuação dos agentes públicos de segurança e criticaram a sucessividade dos últimos atos com posturas violentas para quem, segundo o estado, está para proteger os cidadãos e garantir a ordem pública. 

Em entrevista, o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jaime Amorim afirmou estar descontente com a atuação. “O que passamos é triste e humilhante, principalmente nesse momento que estamos vivendo, ainda tratarmos com o ódio dos policiais e do estado contra as pessoas que estão apenas lutando pelos seus direitos”, afirmou. 

O advogado à frente da Comissão de Direito Parlamentar da OAB-PE, Roberto Leandro, que esteve presente no ato, indicou a responsabilidade do ato mudar de caráter pacífico para violento no último sábado.”Estávamos presenciando um ato pacífico, uma manifestação que pedia comida no prato, vacina no braço e menos mortes, ou seja, pedia paz. O que acabou com o caráter pacífico foi a Polícia Militar abrindo fogo. A PM pernambucana optou por impedir a dispersão tranquila e espontânea do protesto justamente no lugar onde ele se encerraria, na Avenida Guararapes”, denunciou. 

Como medida de ação depois dos últimos casos relatados pelos órgãos de garantia de direitos do estado, um encontro com o novo comandante foi marcado para a última quarta-feira no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo. Via rede social, o governador apontou as temáticas conversadas durante a reunião. “Tratamos das ações de combate à criminalidade e ponderamos sobre a garantia de uma polícia que preserve os direitos humanos e proteja o cidadão. Estamos confiantes no seu trabalho e vamos continuar nos dedicando à investigação dos fatos que ocorreram no último sábado, para dar respostas ao povo pernambucano”, afirmou em publicação. 

Para Paulo Rocha, presidente da CUT em Pernambuco, que também esteve presente na coletiva, as investigações precisam ser de conhecimento público e seguirem caráter de urgência. “A gente precisa saber mais acima. Quem comandou a operação? Quem poderia ter parado a operação ao seu comando? Para mim, cabe ao estado de Pernambuco fazer uma investigação adequada e transparente para sabermos quem foi. E digo, de antemão, o secretário de Defesa Social não é a pessoa adequada para comandar essa investigação por ser uma das pessoas a serem investigadas”, finalizou. 

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