Vulnerabilidade social, falta de acesso a serviços públicos e desigualdade sociorracial são alguns dos fatores que tornam as crianças negras e indígenas de até dois anos as maiores vítimas fatais do coronavírus, segundo levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 1000 dias (OOBr Covid-19 1000 dias).
O cenário se torna ainda mais grave quando se trata de crianças negras e de baixa renda, segundo destaca a epidemiologista Fátima Marinho, da Vital Strategies, organização global de saúde, responsável por realizar um levantamento sobre crianças e Covid-19.
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“A criança que está morrendo de Covid-19 é a pobre, negra, que mora em favelas ou cidades menores. De famílias que são obrigadas a continuar trabalhando”.
Com base nos dados do SIVEP Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe), do Ministério da Saúde, o levantamento aponta que desde o início da pandemia, 57% das crianças de até dois anos que morreram pela covid-19 no Brasil eram negras. As crianças brancas totalizaram 21,5%, seguida pelas amarelas (origem asiática), com 0,9%. Sendo que 16% não tiveram a raça identificada.
O número de mortes de crianças indígenas também foi expressivo. De março de 2020 a abril de 2021, foram registrados 12.048 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid em bebês de até dois anos, sendo que, desse total, 8.273 registros possuem informações sobre raça/cor. Em 28% dos casos, as crianças indígenas foram vitimadas pela doença.
Ainda conforme o levantamento, as crianças indígenas têm cinco vezes mais chances de óbito em casos de SRAG por Covid-19 do que uma criança branca na mesma faixa etária com um diagnóstico similar.
Em uma análise mundial, o Brasil é o segundo país com maior número de mortes de crianças de até 14 anos na pandemia, totalizando 3.198 óbitos. O país fica atrás apenas do Peru.
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