Um monitoramento realizado pelo Infovírus – plataforma de sistematização de informações sobre o alastramento da Covid-19 nas prisões brasileiras – e a Rede Justiça Criminal expõe falhas em dados oficiais sobre mortes por Covid-19 nas prisões. Intitulado ‘De Olho no Depen (Departamento Penitenciário Nacional): Análise de Informações de Estado sobre Covid-19 nas prisões’, o levantamento revelou falta de qualidade dos dados e inconsistência de informações.
Desde o início da pandemia, oDEPEN quantifica o avanço da Covid-19 no sistema carcerário brasileiro. O painel reúne informações de óbitos, casos suspeitos, detectados e recuperados de cada uma das unidades federativas. Diante de denúncias de familiares de pessoas presas sobre inconsistências dos dados apresentados, o projeto passou a acompanhar, registrar, analisar e divulgar informações referentes à situação dos presídios durante a pandemia.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
A partir desse monitoramento, foram realizadas análises da incidência da Covid-19 em cada estado e do fluxo de informações fornecidas pelo órgão. Dentro da análise, chama atenção os 242 dias sem atualização das informações no estado da Bahia no painel. Além disso, Alagoas, Amapá, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins não notificaram nenhum óbito no período de 381 dias de monitoramento.
Em alguns estados, foi observada uma mudança repentina no painel dentro de 24 horas. No Paraná, por exemplo, há uma alta de 62,5% de óbitos de um dia para o outro, retornando ao dado inicial um dia depois. No Pará, esse número chegou a ser 100% maior.
Leia também: “Está cada dia pior”, diz preso sobre situação da Covid-19 em penitenciária de SP
No Ceará, por 17 dias no mês de abril neste ano, os dados do painel foram totalmente zerados. Depois desse período as informações retornaram aos valores que apareciam antes. Já no Rio de Janeiro, o painel mostrou óbitos antes mesmo de registrar casos suspeitos.
Os apontamentos sobre falhas no compartilhamento sobre a situação das pessoas em cárcere pode ser conferido no site Deixados para Morrer. A plataforma Infovírus deve continuar a checagem de informações e, simultaneamente, de divulgação científica do acúmulo das pesquisas do campo criminológico crítico sobre penas e prisões no Brasil.