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Demora para vacinação causa angústia em idosos da periferia

Agentes comunitários são a principal ponte entre o acesso à saúde e essa população; No Brasil, 48% dos idosos são negros e representam 19% dos vacinados até agora

Texto: Roberta Camargo | Edição: Nataly Simões | Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

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22 de fevereiro de 2021

Dados do Ministério da Saúde apontam que, mesmo sendo maioria na população do país, apenas 19% dos idosos negros foram vacinados até agora. Neste mesmo cenário, seis capitais já anunciaram a suspensão da primeira dose da vacina contra Covid-19 no Brasil: Rio de Janeiro, Salvador, Cuiabá, Campo Grande, Porto Alegre e Curitiba. A aplicação de novas doses do imunizante deve acontecer até julho, com a distribuição de mais de 230,7 milhões de vacinas aos estados.

A escassez de vacinas em diversas regiões do país já começa a assustar a população que precisa da imunidade e lida constantemente com a exposição ao vírus. A cuidadora de idosos Claudia Aparecida do Nascimento, moradora da Brasilândia, periferia da Zona Norte de São Paulo, diz que ver a falta de vacinas chegando cada vez mais perto desperta ansiedade e angústia. “Eu tô bem preocupada. Fico pensando na minha mãe que é idosa, nos idosos que eu mesma cuido e bate uma preocupação enorme”, conta.

Claudia faz parte do grupo de risco e enfrenta diariamente a exposição ao vírus já que não pode deixar de trabalhar por não ter outra fonte de renda. “Também sou grupo de risco porque tenho diabetes e pressão alta. A angústia e o medo são tão grandes que me afetam até fisicamente, sempre tenho mal estar por causa disso”, detalha.

Falta de acessibilidade

Entre os mais de 30 milhões de idosos, com mais de 60 anos, que vivem no país, 48% são negros, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O atendimento dessa parcela da população, que em muitos casos lida com problemas de acessibilidade para tomar vacina ou fazer visitas ao médico, é feito por agentes comunitários de saúde.

“O agente comunitário é o elo entre a comunidade e o sistema de saúde. Ele é quem conhece e sabe sobre quem precisa de atendimento”, explica a médica de Família e Comunidade, Denize Ornelas, que atua na capital paulista. Segundo a médica, em diversos casos, os idosos têm problemas de locomoção e até mesmo faltam meios para poder sair de casa, a exemplo da vacina por drive-thru, modo adotado em diversos postos de vacinação do país.

Mesmo com a ação dos agentes, muitos idosos que vivem em regiões periféricas ficam descobertos. “A gente tem uma cobertura de um pouco mais de 60% dos territórios trabalhando na saúde da família. A equipe é formada por um médico, um enfermeiro e um agente da saúde. Estipulamos que seja uma equipe para cada 700 pessoas e nem todos os idosos conseguem ser atendidos”, conta Denize.

A mãe da cuidadora de idosos Claudia, Aparecida do Nascimento, é um exemplo de como a falta de acessibilidade ao serviço de saúde é um ponto que merece atenção. Aos 70 anos, ela está acamada desde 2019, se alimenta através de sonda e precisa do atendimento de agentes comunitários. Na região em que vive, também na Brasilândia, a família é assistida pela equipe do SUS, mas vêem a falta de vacina com bastante preocupação. “Minha mãe precisa, né? A gente toma os cuidados necessários, mas é difícil demais. Principalmente agora que a gente não sabe quando é que a vacina vem”, relata a filha.

Na periferia do Rio de Janeiro, a aposta das agentes comunitárias é investir na comunicação assertiva com os pacientes da periferia que atendem. “A gente sempre entra em contato com a família para tentar manter todos informados e calmos. É o que podemos fazer agora”, afirma a agente Paloma Monteiro.

Em nota publicada no site da pasta, o Ministério da Saúde disse que “à medida em que os laboratórios disponibilizarem novos lotes de vacina, novas grades de distribuição e cronogramas de vacinação dos grupos prioritários serão orientados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI)”. 

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