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Depois do assassinato de Mãe Bernadete, quilombolas pedem investigação

Ministério dos Direitos Humanos pediu o deslocamento de equipes para a região de Simões Filho, na Bahia, onde a líder quilombola foi executada

Texto: Pedro Borges I Edição: Nataly Simões | Foto: Reprodução/CONAQ

Foto: Reprodução/CONAQ

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18 de agosto de 2023

Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi assassinada dentro de sua casa no Quilombo Pitanga dos Palmares,  no município de Simões Filho, na Bahia, nesta quinta-feira (17).

Segundo testemunhas, dois homens entraram na casa de Mãe Bernadete e efetuaram os disparos contra a liderança quilombola, que não resistiu aos ferimentos. Ela era uma das principais referências do território, e lutava pela investigação do assassinato do filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, ocorrido em 2017.

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Mãe Bernadete fazia parte da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), maior organização política quilombola do país. Em comunicado publicado no site oficial do grupo, a CONAQ pede por uma “investigação célere” por parte do Estado e lamenta a morte de uma “mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança”.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, emitiu um comunicado, em suas redes sociais, com a informação de que ordenou o deslocamento de equipes da pasta para Simões Filho a fim de apurar os acontecimentos.

O caso de Binho do Quilombo

O assassinato de Binho do Quilombo, filho de Mãe Bernadete, segue sem uma resolução. Ele foi alvejado depois de deixar o filho na escola, em setembro de 2017. A principal suspeita é que a morte tenha ocorrido por disputas territoriais na região. Em 2021, em entrevista à Alma Preta, Mãe Bernadete falou sobre sua indignação com o caso.

“São quatro anos porque foi um crime de negro… Mais um negro. Mas a Justiça é de Deus, não falha, e Xangô está na frente”, disse. “Mais um negro sem resposta. Que Justiça é essa?”, questionou, à época.

No dia 19 de setembro de 2021, uma missa e um protesto foram organizados para responder ao assassinato de Binho do Quilombo. A manifestação, com o nome “4 Anos Sem Resposta” pedia pela finalização das investigações e a regularização fundiária da comunidade por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

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