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“É responsabilidade nossa ter um olhar crítico sobre a literatura negra infantil”, afirma escritora

31 de outubro de 2018

Janine Rodrigues, curadora da Parque FLUP, seção do encontro destinada a tratar sobre a literatura negra infantil, deu entrevista ao Alma Preta sobre a importância do tema vir à tona no evento deste ano

Texto / Pedro Borges
Imagem / Divulgação

A Festa Literária das Periferias de 2018 apresentará ao público de maneira exclusiva autores negros. Dos homenageados aos palestrantes, apenas profissionais afrodescendentes participam da edição deste ano. Outra novidade do encontro, que ocorre entre os dias 6 e 11 de Novembro, no Cais do Valongo, Rio de Janeiro, é o Parque FLUP, seção do evento com toda programação dedicada à literatura negra infantil.

As atividades do Parque FLUP ocorrem no período da manhã em todos dias do evento e contam com a presença de autores como Heloísa Pires, Junião, Jarid Arraes, entre outros. A programação foi planejada por Janine Rodrigues, curadora dos momentos voltados para tratar sobre literatura negra infantil ao longo do encontro.

“Acho que o evento está, sabiamente, num caminhar já inciado por muitos e que tem causado impacto justamente por ser uma união de muitas forças e saberes. A Flup é respeitada e de impacto reconhecido e por isso ter uma pauta tão importante nesta edição é muito gratificante”, conta Janine.

Janine é fundadora do Piraporiando, editora e produtora especializada em arteeducação. A escritora já fez oficinas em 16 estados do Brasil e em países vizinhos, como Colômbia, Argentina e Chile. Ela acredita ter atendido diretamente 24 mil crianças e 8 mil educadores.

Flup literatura infantil corpo 1

Literatura negra infantil é destaque da FLUP deste ano (Foto: Pedro Borges/Alma Preta)

A última obra publicada, “Nuang – Caminhos da liberdade”, propõe uma reflexão sobre o princípio de liberdade a partir dos olhos de uma criança negra, pertencente à cultura banto. O livro tem sido adotada por escolas no Brasil e na Europa.

Em entrevista ao Alma Preta, Janine ressaltou a importância de se criar um maior hábito de ouvir as crianças e entender suas leituras de mundo, em especial as crianças negras.

“As crianças negras passam por situações muito duras mas também sonham e desejam. Perceber o que elas sentem e por que sentem é urgente. Como propor medidas de melhoria para a educação, para o bem estar da criança, para o combate ao racismo e ao preconceito sem ouvir esta criança?”.

Esse destaque não exclui o papel do educador, que ainda se coloca como mediador entre a criança e o conteúdo. Por isso, Janine faz questão de enaltecer a importância de se melhor formar esses profissionais.

“Do que adianta vários livros publicados se os educadores ainda ignoram os autores e autoras negras? Acho que precisamos ler de tudo. Mas acho essencial reconhecer que precisamos nos ler. Não somente histórias que trazem personagens negros mas também histórias em que os autores são negros”.

Para ela, é necessário que se leia mais autores negros e que se tenha um olhar de maior cuidado com a literatura negra infantil.

“É responsabilidade nossa ter um olhar crítico sobre a literatura negra infantil. Por que nossa escrita, seja falando de melancias ou de personagens negros, nossa escrita sempre será negra. Nosso ato de escrever é preto e nossos textos estão entranhados deste ‘’ser preto’’”.

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