A Ação Educativa, com apoio do Fundo Malala e de uma ampla rede de organizações, abriu as inscrições para a 4ª edição do edital “Igualdade de Gênero na Educação Básica: Fortalecendo novas narrativas a partir da cultura”. O edital é voltado a profissionais da educação, arte-educadores, movimentos sociais, coletivos juvenis e universidades que atuem em escolas públicas e privadas. As inscrições ficam abertas até 30 de maio.
O objetivo da iniciativa é selecionar e reconhecer experiências, planos de aula e materiais pedagógicos que tratem da igualdade de gênero com uma abordagem interseccional — articulando temas como raça, diversidade sexual, saúde mental, intolerância religiosa e racismo ambiental.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Segundo Bárbara Lopes, coordenadora do projeto Gênero e Educação da Ação Educativa, o edital valoriza quem promove reflexões nas escolas sobre desigualdades sociais, raciais e de gênero.
“Acreditamos que a cultura abre um olhar novo para a nossa realidade, ajuda a questionar aspectos que ficam invisibilizados e a imaginar possibilidades de vida em comum”, afirmou em nota.
Resistência diante da censura
A nova edição do edital surge como resposta às pressões de setores ultraconservadores que tentam censurar o debate sobre gênero nas escolas. De acordo com a Ação Educativa, propostas que dialoguem com práticas pedagógicas voltadas à promoção da diversidade e da inclusão serão especialmente valorizadas.
Estudos recentes mostram o aumento de iniciativas legislativas que tentam restringir esse debate, em desrespeito à Constituição e a decisões do Supremo Tribunal Federal que garantem o direito à abordagem de gênero nas escolas.
Propostas e reconhecimento
As propostas podem ser implementadas em creches, escolas ou outros espaços educativos. Serão aceitos até dois projetos por proponente. Dez das experiências selecionadas receberão um vale-livros de até R$ 600 da Livraria Africanidades, certificado e reconhecimento público. Todas as propostas aprovadas integrarão um Banco Público de Planos de Aula disponível no site.
O edital também busca estimular o uso intencional da cultura na educação. “O trabalho com obras culturais, quando feito com intencionalidade pedagógica, é muito poderoso para o aprendizado e para a transformação social”, reforçou Bárbara Lopes.
Temas possíveis para abordagem
As propostas inscritas no Edital Igualdade de Gênero na Educação Básica podem abordar uma ampla variedade de temas voltados à promoção dos direitos humanos e da justiça social nas escolas. Entre os assuntos possíveis estão as discussões sobre masculinidades, com foco na desconstrução de padrões hegemônicos e na construção de relações mais igualitárias.
Outro eixo importante é a educação inclusiva, especialmente voltada a pessoas com deficiência, com estratégias pedagógicas que assegurem o direito à aprendizagem e ao convívio respeitoso. Também são bem-vindas propostas que enfrentem a violência de gênero, a LGBTQIA+fobia e outras formas de opressão no ambiente escolar.
O edital contempla ainda a valorização das mulheres nas ciências e nas áreas de exatas, incentivando a presença feminina em campos historicamente marcados pela desigualdade. A equidade no esporte também pode ser abordada, assim como questões relacionadas à saúde mental, especialmente entre jovens.
Outros temas possíveis incluem os direitos sexuais e reprodutivos, o combate ao racismo, à intolerância religiosa e ao racismo ambiental, além da valorização das culturas afro-brasileira e indígena. Por fim, o edital estimula reflexões sobre gênero e emergência climática, reconhecendo os impactos sociais e raciais da crise ambiental.
As inscrições devem ser feitas exclusivamente via formulário online. A Ação Educativa disponibiliza um material de apoio para elaboração das propostas e garante proteção aos dados das pessoas inscritas, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).