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Em novo livro, Jessé Souza analisa aumento do apoio da população mais pobre à extrema direita

Sociólogo vai além da justificativa do fator econômico e da pauta conservadora dos costumes para indicar o racismo como principal instrumento de cooptação por parte de representantes da elite
Imagem mostra grupo de pessoas em ato de direita.

Foto: Fernando Bezerra

11 de outubro de 2024

Em seu mais novo livro, “O Pobre de Direita”, o escritor Jessé Souza se debruça pela primeira vez sobre a adesão repentina de uma parcela significativa dos pobres à extrema direita brasileira. Para entender esse fenômeno, o sociólogo vai além da justificativa do fator econômico e da pauta conservadora dos costumes para indicar o racismo como principal instrumento de cooptação por parte de representantes da elite.

Por que boa parcela das classes empobrecidas aderiu às pautas da extrema direita justamente no momento histórico em que houve uma melhora significativa das condições de vida? O que justifica o apoio dos mais pobres a políticos que retiram direitos e benefícios? Para responder essas questões urgentes, a obra publicada pela editora Civilização Brasileira examina como figuras da direita encontram novas máscaras para exercer suas manifestações mais arcaicas.

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Entendendo o atual cenário sociopolítico do país, Jessé tem como objeto de estudo dois grupos expressivos: o branco pobre e o negro evangélico. Nessa análise, o autor investiga as novas formas de manipulação da extrema direita e a quais ansiedades das classes populares ela se dirige, apresentando dados estatísticos em infográficos para ajudar na compreensão do tema. No livro, Jessé traz ainda problemas decisivos como a predileção de votantes do Sul e Sudeste, chamados pelo autor de “estados brancos”, por Bolsonaro nas duas últimas eleições à presidência.

Jessé analisa o comportamento por trás desse apoio popular que recorre a uma moralidade restritiva e até violenta, o que limita a própria classe. Sob o ponto de vista do capitalismo industrial e a ideologia neoliberal, os oprimidos carregam a culpa individual pela sua pobreza, e é sobre essa precariedade que representantes da extrema direita se amparam com desenvoltura ao se colocarem como líderes de uma falsa rebelião ao sistema, como aponta o sociólogo na obra.

Nesse sentido, o autor destrincha as estratificações sociais, o fervor religioso, as diferenças regionais e a imaginação política, propondo uma reflexão profunda sobre as controvérsias da dominação conservadora enraizada pela cultura racista e apoiada por lideranças evangélicas.

Ao refletir sobre as principais motivações da “vingança dos bastardos”, o livro expõe como o racismo e a religiosidade, em especial o neopentecostalismo, se tornam a base da deturpada promessa da Constituição Cidadã – a construção de um Brasil democrático, justo e igualitário, sem discriminações e com garantias universais.

Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Jessé Souza é graduado em direito e mestre em sociologia pela Universidade de Brasília, doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg e pós-doutor em psicanálise e filosofia na New School of Social Research.

De 2015 a 2016, foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), período em que se estabeleceu como uma das principais vozes contra o impeachment de Dilma Rousseff. Desde 2017, é professor titular de sociologia da Universidade Federal do ABC. Autor de mais de 30 livros, além de artigos e ensaios publicados em vários idiomas, é um dos intelectuais públicos mais notáveis em atividade no país.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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