Uma em cada quatro pessoas negras com emprego formal em 2019 foi demitida até o final de 2020, segundo dados de um estudo sobre os efeitos do primeiro ano de pandemia da Covid-19 na vida da população negra que vive na região metropolitana de São Paulo, o estado mais rico e industrializado do país.
O levantamento foi feito pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), que também aponta o índice de 24% de desemprego entre os negros, em um ano. Além disso, um em cada cinco negros desempregados não conseguiu procurar emprego por questões ligadas à saúde.
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De acordo com o estudo, a população negra ficou mais exposta a Covid-19, uma vez que apenas 17% desse contingente populacional conseguiu trabalhar de forma remota (em casa), enquanto a parcela de trabalhadores não negros em home office foi de 34%, mais que o dobro.
“Essa menor possibilidade de manter o isolamento por meio do trabalho remoto se deve ao fato de, entre os negros, ser maior a parcela em ocupações não protegidas e em atividades consideradas essenciais durante a pandemia, como transporte e serviços de limpeza”, explicam os analistas do Seade, que conduziram o levantamento.
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Entre os negros que conseguiram manter o emprego durante a pandemia, a manutenção de uma renda regular foi um desafio; 34% passaram a ter uma renda de trabalho menor e 7% ficaram sem rendimento por algum período, mesmo continuando empregado.
Para os trabalhadores não negros, o corte total de renda por algum período atingiu 4% dos empregados da região metropolitana, ou seja o percentual de negros empregados que ficaram sem salário na pandemia foi o dobro do que o de não negros.
O estudo do Seade também fez uma comparação entre os beneficiários de programas emergenciais de renda durante o primeiro ano de pandemia na região metropolitana de São Paulo. Os dados apontam que 33% dos negros receberam o auxilio emergencial do governo federal. Entre os não negros, o resultado foi de 27%.