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Nova ferramenta de reconhecimento facial pretende reduzir racismo algorítmico

Nomeado ‘KeyApp’, ferramenta promete precisão de até 99,84% para faces de pessoas negras e é implementado como forma de diminuir o ‘racismo algorítmico' no país; dados apresentados em relatório da Rede de Observatórios de Segurança mostraram que 90% de pessoas detidas por reconhecimento facial são negras

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Reprodução/Olhar digital

Empresa promete precisão de quase 100% em reconhecimento facial de pessoas negras

26 de abril de 2021

O número de prisões de pessoas negras reconhecidas por crimes que não cometeram expõe a fragilidade de ferramentas utlizadas para o reconhecimento facial. Um cenário que já foi exposto em números pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP-PE) em parceria com universidades de todo o Brasil, que juntos, apresentaram um relatório da Rede de Observatórios da Segurança no final de 2019. De acordo com os dados, 90% de pessoas detidas por reconhecimento facial eram negras. De lá para cá, inúmeros casos de prisões por engano foram descobertos, o que deu notoriedade ao ‘racismo algorítmico’ em niível nacional. Como forma de aperfeiçoamento da Inteligência Artificial, uma empresa de tecnologia desenvolveu um aplicativo brasileiro com nível de precisão de 99,84% para faces de pessoas pretas. Já em outras soluções de reconhecimento facial do mercado, esse índice varia de 75,8% a 87,5%. 

Chamado de “KeyApp”, a ferramenta foi desenvolvida pela startup carioca CyberLabs, empresa focada em Inteligência Artificial que usa da tecnologia intitulada NVIDIA Enterprise para aprimorar modelos de reconhecimento com ampla exatidão para todas as raças. Fruto de mais de três anos de pesquisas e desenvolvimento, o aplicativo consegue detectar e diferenciar um conjunto abrangente de cor de pele, traços, formato dos olhos e outras características que permitissem distinguir brancos, pretos, indígenas e asiáticos. 

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Para Marcelo Sales, fundador e presidente da startup responsável, a funcionalidade combate o cada vez mais comum “racismo algorítmico”, caso em que uma aplicação reconhece rostos mais claros, mas não consegue interpretar atributos de rostos mais escuros. “Nossa missão é oferecer uma tecnologia compatível com a diversidade e miscigenação da população brasileira. A diversidade da nossa população reflete diretamente na abrangência do nosso banco de dados”, destaca Sales. 

De início, a empresa começou com um nível de precisão de 90,89% para faces de pessoas pretas. De acordo com a startup, o ganho de desempenho só foi possível graças à capacidade da tecnologia da NVIDIA de acelerar o processo de treinamento da Inteligência Artificial. Dessa forma, se a tecnologia precisava de 2 a 3 semanas para processar uma certa quantidade de informações, passou a levar apenas 7 dias para desempenhar a mesma tarefa. Hoje, a tecnologia já está implementada no Centro de Operações Rio (COR), no Rio de Janeiro, e na Santa Casa de Itajubá, em Minas Gerais.

Instalado em portas de entrada e passagens, o aplicativo funciona como uma ferramenta de controle de acesso, capaz de monitorar a circulação de pessoas sem contato físico. Para utilizá-lo, o usuário deve baixar, gratuitamente, na AppStore (sistema operacional iOS) ou Google Play (para dispositivos com sistema Android), preencher seus dados e fazer o reconhecimento facial em segundos.

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