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Entidades pedem indenização milionária contra empresas compostas apenas por brancos

Foto com maioria de funcionários homens brancos causou repercussão na internet. Ação judicial aponta conduta excludente com negros, mulheres e portadores de deficiência

Texto: Redação | Foto: Reprodução

Entidades pedem indenização por foto só com brancos

19 de agosto de 2021

Entidades do movimento negro, feminista e em defesa dos direitos humanos abriram uma ação na Justiça com pedido de indenização de R$ 10 milhões por dano social e moral coletivo contra as empresas Ável e XP Investimentos. Recentemente, a Ável divulgou uma foto da sua equipe com mais de 100 funcionários, em sua maioria homens brancos e jovens. A imagem gerou repercussão nas redes sociais e internautas levantaram questionamentos sobre a falta de diversidade nas empresas.

Na ação judicial, protocolada na quarta-feira (18), na Vara do Trabalho de Porto Alegre, onde a Ável possui sede, as entidades argumentam que o quadro de funcionários da empresa “É o oposto simbólico da imagem de sociedade plural que marca as democracias modernas e que constitui a base da nossa ordem constitucional”.

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Dentre as medidas solicitadas pelas entidades para as empresas estão: composição do quadro de contratados permanentes ou temporários na mesma proporção de negros, mulheres e indígenas presente na sociedade brasileira; disponibilização de cursos gratuitos e estágios remunerados para promover a formação e a experiência profissional desses colaboradores; cotas para pessoas idosas e portadoras de deficiência; prazo de 90 dias para apresentação de um plano de diversificação do quadro de colaboradores.

Leia também: Racismo estrutural: onde fica o Direito?

O documento também cita um vídeo publicado pela Ável em junho deste ano no qual uma funcionária da empresa apresenta o escritório composto em sua maioria por homens brancos e apenas quatro mulheres brancas. As entidades dizem que nenhuma pessoa negra, com mais de 40 anos ou portadoras de deficiência aparecem no vídeo.

“O processo de ingresso nas carreiras profissionais, seja no setor público, seja no privado, não é “neutro” e destituído de valores predeterminados. É sabido que as mulheres e as pessoas negras (as mulheres negras sofrem dupla discriminação) têm muito mais dificuldade de acesso a postos formais de trabalho em virtude de séculos de racismo estrutural e patriarcado que marcam a história brasileira”, cita a ação, assinada pela Educafro, a Frente Nacional Antiracista, a Associação Visibilidade Feminina e o Centro Santos Dias de Direitos Humanos.

As entidades também reforçam o pedido ao argumentar que as empresas Ável e a XP, com sede em São Paulo, reconheceram que não adotam medidas que visam combater a conduta discriminatória de excluir negros, mulheres, pessoas com mais de 40 anos e portadores de deficiência.

“Quando se tem em mente que o racismo estrutural constitui uma das marcas principais da nossa organização social, é preciso que o Poder Judiciário opere no sentido do desmonte dessa estrutura, substituindo as práticas em que ela se funda por medidas afirmativas de outra conformação pública”, diz trecho da inicial.

Em nota, a XP Investimentos disse que “está comprometida a fazer transformações significativas e reconhece que a inclusão de pessoas negras na companhia e rede de parceiros é uma questão fundamental”. Também completou dizendo que “Estamos trabalhando, incansavelmente, para ser cada vez mais um agente de mudança da sociedade e do mercado financeiro.”

Já a Ável informou que “como empresa, temos responsabilidade perante a sociedade e não vamos nos furtar a elas. Tomaremos o episódio como propulsor para abrir uma agenda de ações efetivas em relação à diversidade e equidade de gênero e racial”.

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