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Entrevista: Sebrae e o empreendedorismo negro

17 de março de 2017

Maria Ângela Souza, analista de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, acompanhou a última pesquisa apresentada (2015) pelo instituto que apontou uma maior presença de empreendedores negros no mercado.

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Entrevista / Pedro Borges
Edição de Imagem /  Vinicius Martins

Maria Ângela Souza, analista de Políticas Públicas do Sebrae Nacional, acompanhou a última pesquisa apresentada (2015) pelo instituto que apontou uma maior presença de empreendedores negros no mercado.

De acordo com o relatório, entre 2003 e 2013, houve um crescimento de 10% no contingente dos donos de negócio do país, passando de 21,4 para 23,5 milhões. Uma divisão do ponto de vista étnico-racial mostra que o número de pardos e pretos cresceu 24%, passando de 9,5 para 11,8 milhões. A categoria “outros” apresentou crescimento de 26%, passando de 200 mil para 253 mil, enquanto que o número de brancos caiu 2%, de 11,7 para 11,5 milhões. Saiba mais sobre a pesquisa na entrevista de Maria Ângela para o Alma Preta.

O período analisado pela pesquisa é o mesmo da década em que houve maior distribuição de renda e iclusão de pessoas no mercado enquanto consumidores no Brasil. O aumento dos negros enquanto empreendedores pode ser uma saída para a melhoria das condições sociais dessa população?

O Sebrae conhece bem o poder transformador do empreendedorismo e atua para ampliação e fortalecimento dos pequenos negócios brasileiros. Temos convicção de que a melhoria da gestão empresarial proporciona uma série de impactos positivos – a empresa ganha mais competitividade, amplia potencial de faturamento e os empresários passam a ter mais qualidade de vida.

É possível avaliar a diferença entre o PIB dos empreendedores negros e dos brancos? Há uma grande mudança com relação à diferença de capital econômico entre a população branca e negra? É possível crer na igualdade entre o faturamento total dos dois grupos empreendedores?

Não é possível separar PIB por raça/cor. A elevação do patamar de renda de um grupo aumenta a capacidade de consumo, movimenta a economia local e beneficia o contexto socioeconômico nacional. A redução das disparidades sociais no país, sem dúvida está relacionada a avanços na educação, o que inclui valorização da capacidade empreendedora e a diminuição da desigualdade racial entre donos de negócio no Brasil É uma evolução bem-vinda, mas ainda há muito a ser feito para tornar nossa sociedade mais justa.

Apesar das disparidades, há um aumento da renda de negros, a maior entre os três grupos, e um crescimento desta população no mercado enquanto dono de negócios. É possível acreditar numa maior paridade social entre negros e brancos em um futuro próximo?

Sim. Isso ocorreu no passado recente devido à melhora da economia como um todo e à inclusão de milhões de pessoas no mercado consumidor. Em um contexto de recessão, é pouco provável que essa trajetória se mantenha, pelo menos no ritmo verificado até 2013/2014.

Apesar dos avanços econômicos da comunidade negra, essa é a população majoritária nos presídios e nas estatísticas de homicídio. Como é possível acreditar que um mesmo segmento tem um crescimento econômico seguido de aumento do encarceramento e da taxa de mortalidade?

São situações distintas e não vemos que haja conexão entre elas.

O percurso do negro rumo ao mercado de modo protagonista aconteceu nos EUA. Hoje, existem diversas empresas geridas por negros e especializadas em atender essa população. O que o exemplo americano tem a nos ensinar?

Um exemplo de atuação norte americano junto a minorias é a MBDA, uma agência do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que ajuda a criar e manter empregos nos EUA, promovendo o crescimento e a competitividade global das empresas de propriedade e operadas por empresários oriundos de minorias. Essas empresas contribuem com mais de US$ 1 trilhão da produção econômica anual americana e são diretamente responsáveis por quase seis milhões de empregos nos EUA. A MBDA trabalha para que as empresas de minorias ganhem escala e produtividade, aumentem suas receitas e conquistem novos mercados. Empresas de propriedade de minorias têm uma vantagem competitiva na exportação.

Um dos grandes desafios dos pequenos negócios brasileiros está em aumentar sua participação nas exportações, que hoje representam apenas 1% do que é exportado, com o peso do chamado custo Brasil. Muitos donos de pequenos negócios não se sentem encorajados a competir com os concorrentes internacionais, que podem oferecer preços mais atraentes. Neste cenário, é fundamental que os empresários que buscam exportar seus produtos e serviços possam contar com o apoio do Sebrae para elaborar um modelo estratégico de negócio para competir no mercado internacional, identificando mercados onde seus produtos e serviços possam entrar com maior facilidade. Neste sentido, uma grande oportunidade se apresenta para os donos de pequenos negócios negros que buscam conquistar novos mercados fora do país e no continente africano.

Quais as principais razões para o salto numérico de negros enquanto empreendedores? As políticas de distribuição de renda são um fator a ser considerado?

Com o aumento nos últimos anos da classe média brasileira e com uma maior distribuição de renda e aumento do poder aquisitivo, várias oportunidades de negócio surgiram em comunidades e demais territórios, historicamente, com uma grande concentração de negros, os quais, visualizando tais oportunidades, passaram a empreender. Outro fator importante foi o incentivo à formalização como microempreendedor individual (MEI), além do orgulho de se declarar negro, que vem crescendo no país. {/payplans}

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