PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Escola leva diversidade e inclusão para mercado da tecnologia

Setor terá 420 mil vagas até 2024, mas ainda enfrenta reduzido número de pessoas formadas na área e equipes muito homogêneas

 Texto: Fernanda Rosário | Edição: Nataly Simões | Imagem: Arquivo pessoal/Marcela Souza

A imagem mostra uma mulher negra em frente a um notebook e a um monitor de computador. A foto ilustra a matéria sobre diversidade no mercado de tecnologia.

23 de setembro de 2021

O setor da tecnologia é um dos que mais cresce no Brasil. Serão criadas 420 mil vagas na área de tecnologia até 2024, mas o número de formados chega a 46 mil alunos por ano, de acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom).

“Hoje, a gente tem sim um gap no mercado de pessoas desenvolvedoras, temos muitas vagas, principalmente para o nível júnior, para trabalhar com tecnologia e poucas pessoas eram chamadas, poucas vagas são ocupadas”, relata Silmara Oliveira, do time de Treinamento e Desenvolvimento de Carreira da escola de tecnologia Trybe. “É algo que está mudando”.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Porém, o mercado tecnológico segue composto, em sua maioria, por homens brancos, jovens, heterossexuais e de classe econômica média e alta. É o que aponta a pesquisa “#QuemCodaBR”, lançada em 2019 e realizada pela PretaLab, em parceria com ThoughtWorks.

Profissionais negros no mercado da tecnologia são minoria. Em 32,7% dos casos, não há nenhuma pessoa negra em equipes de trabalho nessa área e, em 68,5% das análises, essas pessoas representam um máximo de 10% dentro das equipes. Não há nenhuma mulher também nos grupos de trabalho de 21% dos entrevistados. Esses dois grupos, mulheres e pessoas negras, representam apenas 1/ 3 dos profissionais de tecnologia e inovação, de acordo com o estudo #QuemCodaBR.

Muitas oportunidades, mas pouca diversidade

Seguindo o cenário exemplificado acima, as empresas de tecnologia ainda possuem um bom caminho a percorrer para aumentar a diversidade de suas equipes, atraindo mais pessoas que possam refletir um perfil populacional brasileiro, de maioria negra e de mulheres.

Liliana Sacramento, gerente sênior de Strategy & Consulting da Accenture Brasil, conta que enfrentou dificuldades para se inserir dentro do mercado da tecnologia até certo ponto de sua carreira, já que o racismo no Brasil é estrutural.

“Acho que estas estratégias [de inclusão e diversidade] são imprescindíveis para o mundo atual em qualquer empresa. A nova geração não tolera mais os intolerantes. Na tecnologia é mais importante ainda tratar este tema porque temos as ferramentas e a possibilidade de mudar as mentes que elaboram os algoritmos que podem prejudicar e fomentar os vieses racistas.”, comenta a gerente sênior.

A Accenture Brasil possui um comitê interno sobre diversidade e inclusão focado em temas como atração, desenvolvimento e retenção de talentos negros, além de possuir treinamentos, workshops e palestras sobre racismo estrutural e vieses inconscientes. “Precisamos ‘educar’ todos sobre a importância do tema antirracismo. Nossos líderes fazem parte destes treinamentos, todos, até nossos mais sêniores. As mudanças precisam vir do exemplo dos líderes”, explica Liliana.

Segundo Silmara Oliveira, a Trybe foi criada para gerar oportunidades para pessoas no mercado da tecnologia, oferecendo educação de alta qualidade e facilitando a comunicação dos estudantes com as muitas empresas que precisam recrutar pessoas para a área. A metodologia da Trybe ensina pessoas a programar do zero, sem necessidade de nenhum conhecimento prévio na área.

Diante de uma maior conscientização e exigência em torno de políticas de inclusão, são muitas as organizações que traçam iniciativas para aumentar a diversidade de seus quadros de funcionários. Consequentemente, a Trybe atua como catalisador para esse movimento.

A escola conta com um programa de empresas parceiras, composto hoje por mais de 130 nomes, que conseguem uma conexão privilegiada com as suas pessoas estudantes. Antes de tornar uma empresa uma parceira, porém, a Trybe avalia os ambientes organizacionais, usando tanto rankings de mercado, como avaliações individuais em plataformas públicas e de fácil acesso.

“Eu vejo isso com bons olhos e tenho esperanças de que, cada vez mais, as empresas vão abraçar essa pauta, essa causa em si. E principalmente com o pensamento de não só atrair essas pessoas, mas também de desenvolver essas pessoas, reter essas pessoas, fazer com que elas tenham segurança psicológica ali. [Há] grandes chances de performarem super bem”, comenta Silmara.

Não só incluir, mas também acolher

Marcela Souza, de 25 anos, atualmente estudante da Trybe, sempre gostou muito de tecnologia, mas só foi começar a se desenvolver na área, de fato, durante a pandemia. Foi uma das pessoas estudantes da Trybe que optou pela modalidade de pagamento Modelo de Sucesso Compartilhado, que permite que os estudantes paguem pela formação de 12 meses da escola somente após estarem trabalhando na área e recebendo um valor mínimo de salário, atualmente de R$ 3 mil. Nesse método, o pagamento pela formação da escola é de até 17% da renda mensal.

“Eu buscava também a área de tecnologia, porque eu via que era uma área que além de eu gostar, já ter todos os indícios de ser apaixonada, era uma área em que eu via que é um mercado superaquecido”, relatou Marcela.

Ela, que é mãe de gêmeos de seis anos de idade, após oito meses de início dos estudos de desenvolvimento web, conseguiu um emprego na área de tecnologia com uma das empresas parceiras da Trybe. O trabalho é um espaço que a acolhe, também, dentro de suas prioridades como mãe.

“Sempre me trataram muito bem. Às vezes, eu estou em reunião e as crianças aparecem, participam, todo mundo trata super bem. Toda vez que eu pensei em me ausentar para alguma urgência, por algum motivo pra cuidar deles, para estar com eles, para fazer alguma coisa, fazer um almoço, um lanche eu nunca fui questionada nem nem nada do tipo, explica Marcela.

Pensar em formas de contratar mais diversidade de pessoas, também é pensar em como acolher da melhor maneira essas diferenças, para que elas consigam se manter no trabalho com qualidade.

Leia também: Startup de inteligência de dados valoriza mulheres negras no mercado de tecnologia

Serviço

A Trybe é uma escola de desenvolvimento web com foco tanto no ensino técnico de programação como em soft skills (conhecidas como habilidades socioemocionais, tão exigidas por empresas hoje em dia – como trabalho em equipe e comunicação), além de auxiliar os estudantes na preparação para a carreira no mercado de tecnologia. Eles atuam também com a proposta de Modelo de Sucesso Compartilhado, em que a instituição só recebe os valores de mensalidades após os estudantes já estarem empregados e recebendo um valor mínimo de salário. Para mais informações sobre o processo de inscrição na Trybe, acesse aqui!

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano