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“Estamos em luta contra o racismo religioso”, apontam adeptos de religiões afro-brasileiras

26 de setembro de 2019

Encontro aconteceu nesta semana, em São Paulo

Texto / Lucas Veloso | Edição e imagens / Pedro Borges

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Na última terça-feira (24), aconteceu um encontro entre praticantes das religiões de matriz africana. A data foi marcada pelo último dia de exibição dos programas de direito de resposta contra a TV Record.

A emissora foi condenada em abril de 2018 pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região de São Paulo por exibir conteúdos ofensivos às religiões de matriz africana.

O primeiro foi transmitido pela Record News na madrugada de 10 de julho no programa “A Voz das Religiões Afro”. Outros três programas de direito de resposta foram exibidos, no mesmo horário, em outros dias do mesmo mês. Em agosto e setembro, foram reprisados. 

Para a jornalista e dirigente do Centro de Pesquisas Aplicadas e de Terapias de Cura Espiritual (CECURE), Cláudia Alexandre, a punição foi importante contra a violência religiosa que afeta vitimando os seguidores das religiões de matriz africana. “O que aconteceu representa algo importante na nossa luta, o povo de axé contra a intolerância e contra o racismo religioso”, define.

O encontro também teve o objetivo de avaliar o impacto do programa e o cenário da mídia nacional no combate ao preconceito. Cláudia defende a importância de pensar a relação política e estratégica dos canais de comunicação.

“Vivemos num Estado dito laico, onde mais de 10% dos veículos de comunicação, com concessão pública, está nas mãos de segmentos religiosos, católicos e cristãos; e nenhum no afro-religioso”, critica.

                                 

Roger Cipó, integrante do coletivo Okan Dimó, da marcha pela liberdade religiosa, cita que o processo foi um dos mais longos no Judiciário brasileiro. “O encontro foi essencial para estabelecer como a nossa comunidade continua a dialogar com a sociedade para dizer quem somos”, ressalta. 

“Os programas foram importantes, para mostrar nosso trabalho. Ainda mais por ser veiculado em uma emissora que está empenhada em nos criminalizar”, observa. “Isso faz parte do extermínio das nossas expressões pretas na sociedade”, completa Cipó.

Segundo o filósofo e presidente do CECURE, Luiz Alexandre, o momento foi de articular com os demais líderes religiosos como os povos de terreiros podem demandar políticas públicas de apoio aos grupos. 

“Neste momento histórico, temos mais ferramentas para trabalhar politicamente, com mais força. Nós, da umbanda e candomblé, por exemplo, temos um lugar específico e devemos ocupar. É espaço da cristandade”, aponta.

O presidente também acredita que as articulações feitas ajudam na possibilidade de agregar as pessoas mais jovens às religiões afro-brasileiras, hoje, adotadas pelos mais velhos, segundo ele.

Mais do processo

A ação contra a Record foi protocolada pelo Ministério Público Federal junto ao Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro brasileira (Itecab) e ao Centro de Estudo das Relações de Trabalho e da Desigualdade (Ceert).

Para os advogados, a acusação nasceu devido a ataques feitos, em 2004, nos programas Mistérios e Sessão do Descarrego, ligados à Igreja Universal.

O processo indicou que os programas exibidos pela Record News promoveram a “demonização das religiões de matriz africana, valendo-se de diversas agressões a seus símbolos e ritos”. A Record TV recorreu, mas perdeu a ação, levando a firmar um acordo em janeiro com a Record News.

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