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Estudante da USP abre vaquinha online para fazer intercâmbio na França

2 de julho de 2018

Foram anos de estudo e luta até Débora cumprir os requisitos necessários para estudar no exterior. Agora só falta um pequeno passo

Texto / João Gabriel Batista
Imagem / Arquivo pessoal de Débora

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12 mil reais é o que separa a estudante Débora Carvalho Melo de um intercâmbio na França. Na primeira semana de junho, ela recebeu a carta de aceite da Université Lumière Lyon 2, que lhe ofereceu seis meses de uma experiência universitária única. Já que a Universidade de São Paulo (USP), instituição na qual ela estuda, recusa-se a conceder uma uma bolsa à aluna, ela recorreu a uma vaquinha online. Esse sistema, também conhecido como crowdfunding, funciona partir de um site, por meio do qual qualquer um pode contribuir com a quantia de dinheiro que quiser.

Mulher negra e da periferia, Débora mora em Osasco, município da Zona Oeste de São Paulo. Tendo estudado a vida toda em escolas públicas, lutou muito para que pudesse hoje, aos 21 anos, cursar história na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), no campus da USP no Butantã. Entre as conquistas que Débora tem na conta, encontra-se a fundação do Cursinho pré vestibular da FFLCH, que funciona sem fins lucrativos lecionando para jovens oriundos da rede pública de ensino.

Desde o início da graduação, Débora já tinha em mente estudar na França. Entre as várias exigências para selecionar alunos aptos ao intercâmbio, estão uma média acima de sete, nenhuma reprovação e nível avançado na língua do país de destino. Tudo isso foi cumprido. No entanto, a política de bolsas para intercâmbio da USP ainda não considera o critério socioeconômico. O resultado disso é que alunos de toda a instituição, de diversas condições, concorrem sem nenhuma política afirmativa que coloque os diferentes em pé de igualdade com os privilegiados. Isso explica a iniciativa de Débora em obter financiamento a partir de doações solidárias. Ela espera arrecadar a verba necessária até dia primeiro de agosto.

Por fim, desabafa: “Olha, não é fácil. Nós temos que tirar forças dos nossos pais, amigos, da luta dos nossos ancestrais, mas não podemos desistir, se não a gente acaba perdendo o que já conquistou. Temos sempre que lutar”.

Link da vaquinha para ajudar a Débora a alcançar o seu sonho. 

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