Uma pesquisa inédita realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) revelou que as microagressões raciais sofridas pela população negra impactam diretamente na trajetória da carreira das pessoas negras que vivem no Brasil.
Além disso, o estudo intitulado “Racismo e suas ‘sutilezas’: uma análise integrada dos impactos e influências no desenvolvimento profissional e de carreira de pessoas negras brasileiras” avaliou que fatores como renda, escolaridade e classe social podem contribuir para atenuar as dificuldades dessa parcela populacional.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Desenvolvida durante o curso de mestrado da psicóloga Juliana Nunes, a pesquisa entrevistou 492 homens e mulheres pretos ou pardos, com trabalhos formais ou informais, de todo o país. O grupo foi analisado em dois estudos diferentes, que compuseram a pesquisa central.
Segundo a pesquisadora, muitos brasileiros ainda acreditam que o racismo se manifesta somente de forma violenta e direta e, até o desenvolvimento da pesquisa, não havia uma forma de mensurar as microagressões raciais, definidas por ela como declarações e comportamentos sutis que, de maneira inconsciente, comunicam mensagens depreciativas a pessoas negras.
“Os estudos psicométricos já realizados medem o racismo de forma mais geral e a maioria foi construída a partir da perspectiva de pessoas brancas e não pela visão daqueles que realmente sofrem os ataques, que são as pessoas negras. As microagressões raciais entram na classificação de racismo e, consequentemente, causam impactos sociais e psicológicos nas pessoas”, explica Juliana Nunes em declaração à universidade.
Os dados foram coletados a partir da análise da perspectiva de pessoas negras sobre a influência de raça/cor na obtenção de um trabalho considerado decente, segundo conceito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da construção das carreiras desses trabalhadores.