O grupo de pesquisa Ginga, da Universidade Federal Fluminense (UFF), divulgou nesta terça-feira (21) o relatório “Violações contra os povos de terreiro e suas formas de luta”, que documenta 1.242 publicações da imprensa digital entre 1996 e 2023 sobre conflitos étnicos, raciais e religiosos enfrentados por povos de matriz africana no Brasil. A publicação marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, instituído em 2007.
O estudo oferece um amplo banco de dados, disponível online, com reportagens e notícias organizadas para consulta e pesquisa pública. A plataforma permite download e filtragem de informações, ampliando o acesso de pesquisadores, ativistas e comunidades religiosas.
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O levantamento aponta 512 eventos de conflitos étnico-raciais-religiosos, com destaque para invasões e depredações de locais sagrados (25%) e ofensas e agressões verbais (14,5%). Lideranças religiosas aparecem como os principais alvos (21,1%), seguidos por praticantes das religiões de matriz africana (15,2%).
Entre os casos identificados, 240 envolvem religiosos e religiosas diretamente, dos quais 40,8% eram mulheres, incluindo cinco transgêneros. Lideranças de terreiro representam quase metade (46,6%) desse grupo. Mortes violentas de religiosos/as também foram registradas, representando 7,6% dos casos.
Os acusados de violações incluem vizinhos dos terreiros (10,9%), seguidos por traficantes (7,6%).
Resistência e mobilização
Apesar das violações, o relatório também evidencia formas de resistência e ação da sociedade civil. Atos públicos e manifestações locais representam 23,8% das iniciativas documentadas, enquanto denúncias em redes sociais (14,4%) emergem como importantes instrumentos de mobilização e visibilidade.
Além disso, foram catalogados 558 conteúdos que detalham respostas do poder público e ações da sociedade civil para enfrentar os conflitos religiosos, incluindo manifestações públicas e campanhas de conscientização.
Com a disponibilização do banco de dados, o grupo espera fomentar pesquisas e mobilizações. O público também poderá encaminhar notícias para inclusão na plataforma, com garantia de que o acervo cresça e sirva como referência para ações de combate à intolerância religiosa.
Texto com informações da reportagem da Agência Brasil.