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Família é soterrada por barreira na Região Metropolitana do Recife

Corpo de Silvia Regina e do filho, o adolescente Otávio Pessoa, de 16 anos, já foram encontrados sem vida no bairro de Cavaleiro, no município de Jaboatão dos Guararapes; Equipes de buscas tentam encontroar os corpos de Oswaldo Siqueira e de Isabele, de 11 anos;  moradores denunciam falta de infraestrutura para moradias na região

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Reprodução/Facebook

Na Região Metropolitana do Recife, pai, mãe e dois filhos são soterrados vítimas de deslizamento de barreira

14 de maio de 2021

As fortes chuvas que atingiram a região litorânea do estado de Pernambuco desde o início da semana, escancararam problemas estruturais em áreas de morroes e barreiras, tanto na capital, como nos municípios da Região Metropolitana do Recife. No final da tarde da última quinta-feira (13), uma família da comunidade de Cavaleiro, no município de Jaboatão dos Guararapes, foi vítima de deslizamento de terra e acabaram soterrados. Mãe e filho, de 16 anos, foram encontrados sem vida, já o pai e a filha, de 11 anos, seguem desaparecidos. 

Segundo informações repassadas à Alma Preta Jornalismo via assessoria do Corpo de Bombeiros de Pernambuco, a equipe de resgate foi acionada para comparecer ao local por volta das 17 horas, horário próximo ao deslizamento. De acordo com a corporação, após três horas de busca entre os escombros da casa onde moravam e o barro encharcado, o primeiro a ser encontrado foi o filho, o jovem identificado como Otávio Pessoa de Siqueira, de 16  anos. No final da manhã desta sexta-feira (14), também sem vida, o corpo da mãe foi encontrado. 

Questionada sobre a atuação da equipe no local onde houve o deslizamento, o Corpo de Bombeiros ressalta as dificuldades da procura e retirada de materiais que caíram junto com a barreira. Uma equipe formada por mais de 20 pessoas fazem as buscas, mas o solo encharcado e resto de vegetação próxima dificultam a procura pelos outros familiares. 

O caso entra para o quadro geral de mais vítimas de deslizamentos na região só nesta semana. De acordo com dados levantados pela Secretaria Municipal de Assistência Social e da Cidadania, até o fechamento da publicação, 23 pessoas estão em abrigos e 350 encontram-se desalojadas. Ao todo, 44 deslizamentos foram registrados junto à Defesa Civil no município. Segundo o órgão, 5 residências próximas ao deslizamento que acometeu à família foram interditadas e mais 7 famílias serão retiradas de suas casas ainda nesta sexta-feira.  

Vizinha à região de onde moravam os familiares acometidos, a dona de casa Adriana Santana, 46 anos, afirma que vivencia o medo por deslizamentos desde criança. “Sou nascida e criada aqui em Cavaleiro e, posso afirmar que quando é período de chuvas fortes como essa, a gente já espera que situações assim aconteçam. Há anos lidamos com o descaso da falta de políticas públicas que deem estrutura aos moradores próximos às barreiras daqui, uma situação que já virou bola de neve. Ao que me parece, só tomam providências na época das eleições”, denuncia 

A Prefeitura de Jaboatão de Guararapes pontua que, em apenas 12 horas, o município recebeu uma média de 170 milímetros, quantidade de água jamais vista nos últimos 20 anos. Com investimento para manutenção das áreas com bairras na casa dos R$20 milhões, a gestão municipal promete mais R$20 milhões para melhorias nas encostas. 

Em nota publicada via redes sociais, o atual prefeito, Anderson Freire (PL), afirma estar de luto com o ocorrido. “Manifesto meu profundo pesar pelas vítimas do deslizamento da barreira em Cavaleiro que, devido ao grande volume de chuvas que atingem a nossa cidade desde ontem, levaram à perda de entes queridos. Estamos garantindo todo o apoio necessário aos familiares enlutados. Que Deus, neste momento difícil e de dor, possa trazer consolação, paz, serenidade e conforto à família”, declara o gestor.

A nota de pesar não representa muito para quem corre o risco de morrer soterrado. A dona de casa Adriana Santana conta que a angústia em tempos de fortes chuvas só aliviou depois de uma atitude tomada por uma ação da própria família. “Para se ter uma noção, só me senti segura depois que meu pai construiu um muro de arrimo próximo à minha residência, mas, sem andar muito, a gente encontra vizinhos de bairro com ruas tomadas por barro hoje, algo que poderia ser evitado, antes do inverno. Quando é que vão atribuir ações efetivas para nós, moradores?”, questiona e finaliza. 

Ainda segundo o Corpo de Bombeiros de Pernambuco, as buscas continuam com a ajuda da Defesa Civil, populares e de uma retroescavadeira, que chegou na manhã desta sexta-feira para ajudar na retirada dos destroços. Até o fechamento da publicação, as buscas pelos corpos de pai e filha seguem.

Leia também: Em Pernambuco, 72,7% das vítimas fatais pela Covid-19 são pessoas pretas e pardas

 

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