PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Familiares de jovem morto pela PM no interior de SP são alvos de retaliações

Parentes de jovem de 18 anos morto em Bauru são intimidados por policiais dois meses após o crime; advogado diz que declarações do governador de São Paulo e de secretário estimulam conduta violenta da polícia
Segundo o advogado da família, a mãe do jovem morto pela BAEP em Bauru é alvo de intimidações dos policiais.

Foto: Reprodução / Governo do Estado de São Paulo

20 de dezembro de 2024

Guilherme Alves, de 18 anos, foi morto com 27 disparos de fuzil por agentes do 13ª Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP), em Bauru (SP), em 17 de outubro. Na sexta-feira seguinte à execução, o velório da vítima foi invadido por policiais militares, que agrediram e prenderam familiares enlutados. A atuação dos PMs foi registrada pelos presentes e ganhou repercussão nacional.

O caso, na época denunciado pela Alma Preta, continua longe de um desfecho. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Dois meses após os abusos, os familiares do jovem executado continuam a ser alvos de represálias. Os parentes de Guilherme buscam a responsabilização de todos os envolvidos, mas enfrentam intimidação dos agentes.

O advogado da família, Ariel Castro, ex-secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, explica que os recentes fatos envolvendo a família demonstram a certeza de impunidade dos policiais militares em São Paulo.

Castro relata que dois irmãos de Guilherme são frequentemente alvos de abordagens constrangedora. Além da truculência e abuso de poder, a mãe Nilceia teria sido chamada de “vagabunda” por um PM, em uma das ocasiões.

A queixa foi registrada na Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP), em dezembro. O documento, ao qual a reportagem obteve acesso, foi assinado pela 1ª Tenente PM Julie Sabrina Tavares Nunes. 

O depoimento, de cerca de duas horas, aponta que os policiais impediram a manifestação dos familiares e moradores da comunidade, queimando constantemente as faixas que pedem por justiça para Guilherme.

“Eles matam, invadem velórios e depois perseguem e intimidam os familiares das vítimas que estão buscando justiça. Essas retaliações aos familiares em Bauru e os casos cotidianos de violência policial no estado de São Paulo, demonstram que policiais militares receberam uma verdadeira “licença” pra cometerem abusos, torturas e assassinatos”, diz o advogado.

Declarações de governantes incentivam violência policial

Para Castro a truculência e as constantes retaliações de PMs são incentivadas pelas declarações públicas do atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, e do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

“Derrite, como secretário, além de apoiar todas as ações violentas da PM na baixada santista, já declarou, em 2015, que ‘policial bom tem que ter pelo menos três homicídios no currículo’. Já Tarcísio, desdenhou de denúncias de violência policial feitas por entidades de direitos humanos para a ONU, dizendo ‘Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que não tô nem aí’”, completa.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) alega ter recebido a denúncia acerca da retaliação e diz que o caso é investigado. O órgão informou que os quatro policiais militares envolvidos nas intimidações já foram afastados de seus cargos.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano