Uma pesquisa inédita que avaliou as taxas de suicídio entre indígenas e não indígenas no Brasil foi divulgada na segunda-feira (25). A investigação foi realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Harvard.
O estudo avaliou taxas de suicídio durante o período de 2000 a 2020 e mostrou um risco desproporcionalmente maior em indígenas, especialmente na faixa etária de dez a 24 anos. Os estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul, localizados nas regiões Norte e Centro-Oeste, respectivamente, foram as que apresentaram as maiores taxas.
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Destacando a importância do estudo ser lançado durante a campanha nacional de prevenção ao suicídio “Setembro Amarelo”, que ocorre anualmente em prol da conscientização da população acerca dos fatores de proteção à vida, o epidemiologista Jesem Orellana, chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi), do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), fez um alerta para o aumento dos casos entre os jovens indígenas.
“Em indivíduos de dez a 24 anos da região Norte, o grupo etário de maior risco para o suicídio indígena, essas taxas aumentaram substancialmente de 2013 em diante, contrariando o padrão de queda observado na região Centro-Oeste”, explica o especialista em nota divulgada pela Fiocruz.
Orellana pontua que este é um diferencial importante, uma vez que os índices nesta faixa etária estão maiores em comparação ao grupo etário de indivíduos com 60 anos ou mais, que apresentam maior risco de suicídio na população geral do Brasil.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios. Os registros da instituição se aproximam de 14 mil casos por ano, uma média 38 pessoas que cometeram suicídio por dia.
O pesquisador também salienta que os resultados do estudo nacional reforçam a extrema vulnerabilidade dos povos indígenas no Brasil e a urgência de estratégias que visem reduzir os fatores de risco associados ao suicídio, como a desigualdade social e a falta de cuidados com a saúde mental. Para Orellana, esse é um “problema “grave e invisibilizado” que tem entre suas causas o “racismo estrutural”.