É fato que a pele negra precisa de cuidados especiais, ainda mais quando se trata da foliculite, uma inflamação no folículo piloso da pele que pode causar “espinhas” que ocasionam manchas e cicatrizes. Esse tipo de infecção é comum nas axilas, barba e virilhas, principalmente após algum processo depilatório.
Segundo a médica dermatologista Hadassa Barros, especialista em pele negra, o motivo para a incidência da foliculite na pele negra se dá pela questão do crescimento de pelos crespos e encaracolados, que dificultam a saída dos fios na pele.
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“Possuímos pelos encurvados que muitas vezes não conseguem vencer a barreira da pele durante seu crescimento fazendo com que se enovelam antes de saírem totalmente da pele. Como resultado temos o pelo encravado que em sua evolução pode inflamar evoluindo com a Foliculite”.
Nos casos mais leves da foliculite, os principais sintomas são o surgimento de espinhas vermelhas, inflamação, coceira ou sensibilidade na região. Já nos quadros mais graves, a inflamação pode evoluir para um furúnculo, podendo gerar cicatrizes maiores e destruição do folículo piloso. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, esse tipo de complicação é raro.
Cuidados
Dra. Hadassa também explica que a pele negra possui uma tendência à hiperpigmentação, por isso é comum o surgimento de manchas na pele. Para isso, ela aconselha o uso de hidratantes e protetor solar.
Já para prevenir o aparecimento da foliculite, a especialista recomenda uma rotina de esfoliação e hidratação nas regiões mais vulneráveis. Entre as principais dicas estão:
- Evitar métodos depilatórios por arrancamento especialmente em períodos onde a pele se encontra mais ressecada
- Manter a pele bem hidratada e não manipular as áreas em processo inflamatório
- Para homens que costumam fazer a barba, o melhor é passar a lâmina sempre no sentido do crescimento do pelo
O importante é amar o próprio corpo
Para além de uma questão de pele, as manchas provocadas pela foliculite acabam impactando na autoestima das mulheres negras. A insegurança que envolve esse assunto, inclusive, foi tema de uma publicação da jornalista baiana e influencer digital Ashley Malia, que relatou como a questão das virilhas escuras podem interferir na exaltação do próprio corpo tanto dentro quanto fora das redes sociais.
“A realidade é que, durante mt tempo, ter a virilha escura foi uma vergonha tão grande que eu preferia biquínis maiores, mesmo amando os modelos asa delta, o famoso cavadão. Já cheguei a clarear as manchas em aplicativos de edição, fiz malabarismos nas poses, tudo para não mostrar que a minha virilha era escura”, escreveu Ashley na publicação.
Para ela, é importante refletir sobre os padrões impostos aos corpos das mulheres negras e se sentir bem na sua própria pele.
“Tem inseguranças que são maiores do que outras, mas acredito que esse movimento de encorajar é cíclico. Assim como eu posso encorajar uma menina preta a postar foto de biquíni, ela me encorajou a falar sobre isso e refletir mais sobre o meu próprio processo de aceitação e amor ao meu corpo”, diz em outro trecho.
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