A morte da modelo e designer de interiores negra Kathlen Romeu, aos 24 anos e grávida do primeiro filho, durante mais uma operação policial indevida nesta terça-feira (8), provocou revolta nos moradores do Complexo do Lins, no Rio de Janeiro. Em protesto, a população bloqueou a estrada Grajaú-Jacarepaguá, na Zona Norte.
Kathlen estava grávida de 13 semanas e foi atingida por disparos de fuzil. A jovem chegou a ser socorrida, porém morreu no hospital Salgado Filho, no Méier. A deputada estadual Renata Souza (PSOL) se manifestou, em sua conta no Instagram, sobre o ocorrido. “Mais uma família negra completamente dilacerada pela mão letal do Estado. Quantas vezes mais teremos de gritar que nossas vidas importam?”, endagou.
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A parlamentar ressaltou ainda que a operação da polícia, em plena pandemia da Covid-19, não deveria ter acontecido. “Este é o modelo de segurança pública que vê em corpos negros e favelados alvos, onde a ordem é sempre a de atirar primeiro e perguntar depois”, acrescentou Renata, que cresceu no Complexo da Maré, também na Zona Norte do Rio.
A morte de Kathlen aconteceu um mês depois da Chacina do Jacarezinho, que também contrariou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de proibir operações policiais no Rio de Janeiro durante o período pandêmico.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que não houve operação e sim um confronto após policiais da UPP Lins serem “atacados a tiros durante patrulhamento”. Ainda segundo a PM, “após cessarem os disparos, os agentes encontraram uma mulher ferida e a socorreram ao hospital”.
Kathlen não morava na comunidade há um mês e estava com a avó a caminho do trabalho da tia. Em entrevista a emissoras de TV, a avó disse que perdeu a neta e o bisneto em um “tiroteio bárbaro”. “Perdi a minha neta de um jeito estúpido. Ela estudava, trabalhava e era formada”, comentou a avó de Kathelen.